Evidentemente que o balanço do ano passado fica marcado pelo agravamento da guerra na Ucrânia. E fica também marcado pelo papel absolutamente tendencioso que a comunicação social dominante (CSD) tem exercido sobre o assunto. Quem estiver condicionado por ela, o que é o caso da grande maioria do nosso povo e dos outros, pelo menos da Europa, tem ideia de que ela começou a 24 de Fevereiro de 2022. Todos os antecedentes, incluindo os 15 mil mortos no Donbass e os acordos de Minsk que podiam ter acabado com ela se tivessem sido cumpridos pelo Governo de Zelensky, são omitidos. Assim como é omitida, ou quase, a opinião de quem não os omite. De quem fala da natureza do regime ucraniano que ilegaliza partidos (onze), silencia quem se lhe opõe, promove nazis, e do avanço da NATO para leste. Tudo o que não deveria ter acontecido para que a guerra não tivesse eclodido, ou que seja revertido para que ela cesse. E quando nos referimos a quem é omitida opinião diferente da CSD, não nos referimos apenas a casos individuais onde se incluem diversos militares de alta patente, falamos também de organizações vocacionadas para as questões da paz, como, por exemplo, o Conselho Português para a Paz e Cooperação que é sistemática e geralmente silenciado. Guerra, sobre a qual tivemos ainda há pouco tempo, todo o ocidente, através da tal CSD, especialmente da televisão, o reafirmar e reforçar da mesma, com a visita de Zelensky às mais altas instâncias de poder nos EUA, e a promessa de mais armamento com destaque para os famosos misseis patriot. Guerra, que já alterou a ordem política internacional, passando a mesma a ser multipolar. No Médio Oriente, o conflito israelo-árabe, está ainda mais longe de uma solução positiva, com Israel reforçando a sua posição de ocupação da Palestina. Na América Latina, assinale-se a instabilidade no Peru cuja vítima é o seu povo. E a alteração positiva no Brasil, com a eleição de Lula da Silva. Por cá, o PS beneficiando do que de positivo teve a chamada geringonça, graças às propostas e pressão dos partidos à sua esquerda, sobretudo do PCP, conseguiu a maioria absoluta, mas agora é o que se vê. O caos, ou perto disso, na Saúde, o Ensino também não melhorou e o custo de vida disparou para níveis incomportáveis já para milhões de portugueses. A par disso, os lucros escandalosos, das empresas dos combustíveis, da banca e das grandes superfícies comerciais. Claro que a guerra na Ucrânia, tem influência. Sobretudo devido às sanções impostas à Rússia sobre o gás e o petróleo que têm efeito boomerang. Mas há também muito oportunismo e facilitismo do Governo. Ou seja, é a demonstração à sociedade, do que aqui temos afirmado: um dos maiores dramas dos nossos dias, a subordinação da social-democracia ao capitalismo e ao imperialismo norte-americano. Não é esta a prática do Governo do Partido Socialista? Em relação aos referidos lucros e à guerra permitida e fomentada pelos EUA/NATO/ UE, a que o Governo de António Costa dá todo o apoio?