As mulheres como dirigentes das colectividades

As mulheres como dirigentes das colectividades

As mulheres como dirigentes das colectividades

20 Março 2024, Quarta-feira
Nuno Soares

Destacamos o artigo de opinião de Adelino Soares (Vice-presidente, 2023) publicado recentemente no jornal ‘A Voz de Ermesinde’, um olhar sobre o papel das mulheres no movimento associativo popular, destacando a sua participação cívica, o seu contributo para a sociedade, para as populações e comunidades locais.

Alexandre Castanheira, professor do Instituto Piaget, no desenvolvimento do seu estudo apresentado no designado “Congresso da Mudança”, recorrendo à nossa história associativa, assinala: “Pode dizer-se que no começo do movimento da criação de colectividades de cultura e recreio, há cerca de século e meio, eram os homens que idealizavam esse tipo de associação para a sua vila ou para o seu bairro da cidade. Uma vez criada a colectividade, eram esses e outros homens amigos daqueles que constituíam a massa associativa. Quando oficializavam a colectividade com os seus Estatutos, as mulheres apareciam na mais das vezes excluídas da possibilidade de serem sócias. E em algumas colectividades que as admitiram mais recentemente – há cerca de 50 anos, talvez – houve Estatutos que, admitindo-as como participantes nas assembleias gerais, não lhes permitiam o direito a voto.

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Isto não quer dizer que as mulheres não participassem na vida das colectividades. Faziam-no. Mas, de acordo com o papel que então lhes era atribuído na sociedade como domésticas, dinas de casa. Por isso eram chamadas a alindar salões de baile, bordar bandeiras para oferecer à colectividade em dia de aniversário, prendar associação dos maridos com uma almofada arrendada para ser rifada a favor da nova sede ou para ajudar um sócio caído em grande doença.”

 

Embora, apesar de muitos avanços, ainda hoje muitos dirigentes associativos, mantenham vícios de então…

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“Era nos bailes que se encontrava, reunidas em maior número, uma grande presença feminina: lá estavam as meninas casadoiras e, ao lado, ou na fila de trás, as mães, fiscalizadoras da honra das suas filhas. Para além disso, só se encontravam mulheres nos grupos de teatro e em poucas mais actividades. Lembremo-nos que no caso das raparigas trabalhadoras, eram obrigadas a entregar o vencimento semanal, como forma dos pais, acudirem à vida ou tratarem do seu enxoval. As entradas de acesso aos bailes, serem gratuitos para as raparigas, como isco.” Os rapazes conseguiam outros esquemas. Eram homens.

A outra forma de se ver mulheres na colectividade, era mesmo o teatro. Seria sempre o acesso à colectividade, à cultura, a uma certa independência mental. Mas o seu espaço continuava limitado. Os acessos a outras áreas da colectividade, o bar, por exemplo, já era um risco enorme. Muitas das vezes, o pai ou o irmão ou em último caso, a mãe acompanhava a actriz amadora, e não lhe permitira grandes folias que pudessem colocar em questão a honra da família.”

 

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O grande acontecimento que então vem marcar toda a nossa vida colectiva e associativa, dá-se com o 25 de Abril de 1974, sem qualquer sombra de dúvida.”

Alexandre Castanheira evidencia que Abril trouxe uma grande modificação na vida social das mulheres do nossos País. Intensificou-se o emprego feminino, atribuíram-se institucionalmente direitos às mulheres, impensáveis anteriormente.”

O movimento associativo também viu crescer a sua força, em número de colectividades, assim como o número de participantes nas suas actividades, e por força da realidade, a aceitação natural da presença de mulheres enquanto associadas e mesmo dirigentes associativas o que acrescentou outras qualidades no desenvolvimento social de todos nós.

Unir para melhor servir com todos!

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