A decisão do Presidente da República de dissolver a Assembleia e convocar eleições antecipadas, não era a única legalmente possível. Aliás, sinal disso, foi a votação de oito a oito, desempatada por Marcelo, no Conselho de Estado. Mas o Chefe de Estado assim decidiu, e é com isso que se tem de contar e os democratas se devem empenhar para termos uma solução o melhor possível para o povo e para o País.
Independentemente do que determinou a demissão do primeiro-ministro e que se compreende devido à gravidade que o Ministério Público lhe atribui, implicando membros do Governo, o Chefe de Gabinete de António Costa, um presidente de câmara também do PS e alguns empresários no processo denominado Influencer, relacionado com matérias tão importantes como a possível exploração de lítio e de hidrogénio verde, a prestação do Executivo PS, deixou muito a desejar. Os exemplos são mais que muitos. Referimos, por exemplo, o estado calamitoso em que se encontra o Serviço Nacional de Saúde, as dificuldades e insuficiências no Ensino, onde avulta o problema laboral dos professores, mas não só, a enorme crise na habitação, a precariedade e os baixos salários e pensões de reforma, as privatizações de empresas tão importantes para economia nacional, como a TAP e a EFACEC que estavam na calha.
Durante estes longos quatro meses até às eleições, o Governo mesmo numa situação de gestão, tem o dever de fazer todos os possíveis para resolver ou minimizar esta grave situação.
E depois das eleições, o que importa mesmo, é uma política alternativa que resolva todos estes problemas. E é possível fazê-lo aproveitando e potenciando todas as capacidades nacionais e tributar justamente os grupos económicos e a banca que tem tido lucros escandalosamente astronómicos.
Mas quem irá fazê-lo? Seria o PS mesmo com novo líder? Novo líder, mas o partido é o mesmo! Ou o PSD que com ele tem alternado no poder há décadas e por isso, é tão ou mais responsável pelo deplorável estado do país? O novel partido da direita, a Iniciativa Liberal? Ou o demagógico e populista de extrema-direita, do senhor Ventura?
Todos estes exemplos, não são alternativa a este e a todos os anteriores governos do PS ou do PSD com ou sem o moribundo CDS. São alternância. Que é como quem diz, com ligeiras e insignificantes diferenças, todos farinha do mesmo saco. A nossa longa experiência não o tem provado à saciedade?
De alternância não estão os trabalhadores, os reformados, o povo, fartos?
Creio que será consensual o enorme contributo que a comunicação social dominante, propriedade da minoria beneficiada do sistema, tem dado e continua a dar, para a alienação e manipulação do povo no sentido de eleger os seus, deles, representantes. Mas isso, não será ad aeternum.
Portanto, com o possível esclarecimento e luta, estará nas mãos do povo eleger gente que seja efetivamente alternativa. Será à esquerda do PS. E, determinante, um grande reforço do PCP/CDU. Até para forçar o PS, com o novo líder, a guinar à esquerda.