17 Agosto 2024, Sábado

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A revolta dos micróbios e a Quaresma

A revolta dos micróbios e a Quaresma

A revolta dos micróbios e a Quaresma

10 Março 2020, Terça-feira
Mário Moura - Médico|

Há cerca de dois meses que cinquenta por cento ou mais de todos os telejornais nos falam da revolta dos micróbios. Como julgo que toda a gente sabe há fundamentalmente dois tipos de micróbios – as bactérias e os vírus. Ora a medicina depois de Fleming ter descoberto a Penicilina enveredou por uma intensa pesquisa para descobrir ou criar novos produtos para matar as bactérias – os chamados antibióticos.

E desde essa descoberta os homens desencadearam uma ofensiva exterminadora de imensas bactérias salvando milhões de doentes por esse mundo fora. Mas o uso e abuso dos antibióticos deu também como resultado que começaram a aparecer bactérias que desenvolvem resistência aos antibióticos – um primeiro sinal do que chamo “a revolta dos micróbios”- e morrem pessoa com infeções que ninguém consegue debelar e por ironia do destino, muito em especial nos próprios hospitais.

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Ainda recentemente os jornais noticiavam que num grande hospital há duas ou três semanas que se não faziam transplantes de fígado , entre outras razões por ser difícil debelar o perigo de infeção por uma bactéria multirresistente. Mas a verdadeira revolta contra tanto progresso dos homens no campo do extermínio dos microrganismos surge subitamente num dos países que é o símbolo do crescimento em muitos campos – a China. E aí temos um coronovirus a infetar que se farta e a matar bastantes dos infetados e a espalhar-se rapidamente pelo mundo fora.

E aí temos os telejornais, os jornais e as rádios a relatar com um ar de drama que aqui adoeceram mais uma centena, e ali a distância mais umas dezenas e que desses infetados  nos iam dando notícia a toda a hora dos que iam morrendo, da China, à Italia, passando por mais uma vintena de países. E o ar dramático aumentava com a noticia de que se estavam esgotando por todo o mundo , nas farmácias, desinfetantes, luvas e máscaras faciais. E falavam os representantes dos serviços de saúde relatando as medidas de exceção que se iam tomando esperando o crescendo da pandemia.

E nunca mais se falou de outras doenças que crescem constantemente como a diabetes, os enfartes do miocárdio ou os chamados avc,s. E todos passaram ao esquecimento que nesta quadra do ano morrem milhares de pessoas com a “banal” gripe (entre nós os números anuais roçam os dois ou três milhares – coisa de somenos) Mas esta revolta dos vírus ataca a nossa sociedade mesmo na sua estrutura pois fecham fábricas, fecham estádios, fecham escolas numa tentativa de travar a expansão do vírus.

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E aí está todo o mundo a fazer repetidamente coisas tão banais como lavar frequentemente as mãos, como não tossir ou espirrar para cima do próximo , nem para as mãos para não contaminar corrimões ou fechos de portas. Este relato minuto a minuto do que vai acontecendo pelo mundo vai fazendo crescer uma pandemia de medo, até de pânico, levando as pessoas a acumularem viveres, a desconfiarem dos vizinhos, pois até se aconselha a que não nos aproximemos a menos de um metro da pessoa com quem falamos e muitos fecham-se em casa .

E assim vamos, com esta revolta dos vírus vivendo a nossa quaresma, a nossa preparação para a ressurreição que Jesus Cristo nos trouxe com a sua Páscoa. E é neste ambiente de medo e quase pânico que teremos de celebrar a VIDA considerada um continuo desde o nascimento até à “passagem” para uma outra forma de vida não materializada que será a Felicidade plena e um manancial de Amor.

Em relação o coronovirus olhemo-lo com naturalidade, sem pânicos pois as suas consequências serão profundas, Isso sim, na vida económico-financeira deste mundo globalizado, muito mais do que as suas consequências comparadas com as de outras doenças que não deixam de existir e que temos de continuar a tratar e a prevenir – tenhamos calma, sigamos a meia dúzia de conselhos verdadeiramente úteis para conter o contágio, mas não pensemos que vão morrer milhões! E – por favor – não esqueçamos que nesta quadra temos de matar o vírus do pecado (o não-amor!) e pensar que o afeto, a fraternidade, o amor é que são a verdadeira salvação das nossas vidas – reduzamos o coronovirus  à sua verdadeira proporção e deixemos os serviços médicos atuar, e pensemos na VIDA !!

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