14 Agosto 2024, Quarta-feira

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A resistência é cultural

A resistência é cultural

A resistência é cultural

4 Junho 2020, Quinta-feira
Carla Cisa

Com a pandemia instalada, a suspensão da atividade, em muitos setores, e o confinamento obrigatório, tiveram um impacto, significativo, na diminuição da emissão de gases de efeito de estufa, como o CO2 e o NO2, contribuindo para uma melhoria da qualidade do ar, e influenciando a curva das alterações climáticas.

Mas, se nenhuma alteração ocorrer, estas melhorias ao nível do ambiente serão, apenas, transitórias. Aproveitemos, esta crise pandémica, para alterarmos comportamentos. Ganhemos consciência dos comportamentos erráticos que temos vindo a adotar, muitas vezes em nome de uma sensação de conforto.

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O confinamento tirou a circulação de carros das cidades, e os níveis de poluição, por esta via, baixaram abruptamente. O desafio que agora se coloca, nos centros urbanos, é o de evitar o regresso à normalidade, no que diz respeito aos níveis de poluição, que anualmente causam a morte prematura a milhares de pessoas.

A redução drástica das deslocações casa-trabalho e trabalho-casa, contribuíram para melhorar a qualidade do ar, nas cidades. Assim sendo, parece evidente a urgência em se restringir, fortemente, a circulação de veículos nos centros urbanos. Parece evidente, a necessidade de cada um de nós questionar a utilização que dá ao automóvel.

A resposta já passava, antes da crise pandémica, por melhores transportes públicos, pela criação de ciclovias, pela adoção de mobilidades suaves, e pela devolução das cidades às pessoas. Mas, a realidade é que agora o medo do contágio existe. E a verdade é que o medo do regresso aos transportes públicos parece estar a traduzir-se numa tendência para, nos próximos tempos, se substituir o transporte público pelo automóvel.

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Nos últimos meses, foram muitas as empresas que colocaram os seus trabalhadores a desenvolverem o trabalho, a partir de casa. Os trabalhadores adaptaram-se e a produtividade aumentou, ainda que num contexto nunca, antes, experienciado, e bem difícil.

E é por estes tempos, que faz sentido combater-se a resistência cultural, e encararmos a necessidade de alterarmos o modo como trabalhámos, até aqui. Não só o teletrabalho, mas também a adoção de novos horários laborais, podem ser instrumentos a utilizar na resolução do trânsito infernal, nas cidades, das horas de ponta, do problema do estacionamento, e das horas perdidas no trânsito que, curiosamente, com o confinamento imposto pela pandemia, se transformaram, em tempo produtivo. A conjugação destas medidas: restrição à circulação automóvel, nos centros urbanos, melhores e mais transportes públicos, criação de infraestruturas para bicicletas e para acesso pedonal, e a adoção do teletrabalho, a par da consciência individual, podem dar um importante contributo para que não se regresse à normalidade, nas cidades onde a mudança ainda não se operacionalizou.

A resistência é cultural, mas este é o tempo para a mudança.

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Defender a saúde das pessoas por via da melhoria da qualidade do ar, e de uma melhor conciliação entre a vida profissional e a vida pessoal e familiar.

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