Perante a omnipresente crise gerada pela dantesca filha do famigerado novo coronavírus, a COVID-19, não é fácil fugir-se ao tema. Por isso, volto a ele, também já abordado, e bem, pelos restantes colaboradores habituais deste jornal, e outros distintos opinantes.
Como se sabe, é em situações- limite, de crise, ou de perigo iminente, que se revela o pior e o melhor do ser humano. A confirmá-lo, aí estão agora exemplos de que todos já tivemos conhecimento. Pessoas que rejeitam até violentamente a presença nas suas imediações de outras infetadas, como aconteceu, por exemplo, na Ucrânia ou aqui ao lado na nossa vizinha Espanha. Ou oportunistas que se aproveitam da situação, da necessidade, para lucrarem escandalosamente com materiais de proteção contra o vírus, como luvas, máscaras e desinfetantes. Por outro lado, também casos altamente altruístas. Felizmente, em maior quantidade, e são estes que marcam, que perduram, que são exemplo. Inúmeros; médicos, enfermeiros, auxiliares, voluntários que socorrem os mais necessitados e desprotegidos, ou o gesto comovente do padre italiano que mesmo perante a morte, dispensa o ventilador a um semelhante seu, mais novo e, entre nós, o general Ramalho Eanes afirmando que faria o mesmo (não duvidamos) e por certo, outras pessoas.
Mas o que pretendemos hoje, é realçar o que também de muito positivo esta pandemia nos impôs. Desde logo, o respeito não só pelos trabalhadores da área da saúde, assim como pelos restantes de qualquer outra atividade. Depois, o respeito também pelo ambiente. Como já aqui dissemos, segundo especialistas na matéria, menos um milhão de toneladas/dia de gases com efeito de estufa, sobretudo gás carbónico, para a atmosfera. Evidentemente que não é possível manter esta redução drástica, uma vez que as atividades industriais e os transportes têm que arrancar. Mas pode e deve haver muito mais racionalização e menos desperdício, e devem ser muito mais potenciadas as energias não poluidoras, como a eólica, a solar, das barragens, das ondas, etc. Ainda neste capítulo ecológico, deve haver mais civismo até nas situações mais inusitadas. Por exemplo, Todos os anos, nas peregrinações a Fátima, são deixadas toneladas de lixo, sobretudo garrafas de plástico, na berma das estradas que ao santuário conduzem. E não se leia aqui uma critica à crença, à fé, das pessoas! Não devem é ir lá pedir o céu, e conspurcarem a terra.
O rol de exemplos continuaria, mas fiquemo-nos só por mais por este: as secas sobre futebol que deixámos de aturar na rádio, na televisão, ou mesmo em jornais generalistas. Mas, mais uma vez, não é o futebol que se critica. Aliás, modalidade desportiva muito interessante e atraente. E os jogos considerados mais importantes, podem continuar a ser transmitidos pela TV e muito mais outros, relatados na rádio! Estamos é fartos de intermináveis comentários, análises e palpites.
Portanto, do mal o menos, eis a herança positiva do Corona que interessa preservar.