Para analisar o trabalho na cultura, reuniram-se no passado dia 13, no auditório da Junta de Freguesia de Amora, a atriz Maria João Luís, o ator Sérgio Gomes, os músicos Vítor Paulo e Rúben Martins, o dirigente do Sindicato de Trabalhadores de Espetáculos, do Audiovisual e dos Músicos, Rui Galveias, o presidente da Junta de Freguesia, Manuel Araújo, e cerca de mais uma vintena de pessoas. Sobretudo, eleitos da Assembleia Municipal de Assembleias de Freguesia e de coletividades de cultura e recreio.
Após análise feita pelo sindicalista músico sobre a situação dos trabalhadores do setor, usaram da palavra os seus colegas e diversas outras pessoas.
A conclusão, sobretudo pelo profundo conhecimento dos primeiros, é que a grande maioria destes trabalhadores, mesmo depois da pior fase da pandemia, passa por muitas dificuldades devido à constante precariedade. Fruto, sobretudo, da falta de investimento do Estado na cultura.
Foi dito e facilmente se imagina, a instabilidade emocional que tal situação origina, é muito prejudicial ao ato de criar e até de representar. Só ultrapassada, segundo Maria João Luís, pela dedicação e amor à arte. Mas, é também prejudicial para o povo que tem todo o direito ao usufruto da cultura nas suas mais variadas vertentes. Música, teatro, cinema, bailado, literatura, etc. Um povo que não tem acesso à cultura, sem hábitos culturais, é um povo triste, mais pobre e exposto à manipulação e à exploração.
A grande maioria dos agentes culturais privados, vê nesta tão importante atividade, essencialmente, uma fonte de lucro. Assim, o Estado, a par da Saúde, do Ensino, até dos transportes coletivos, devia ter como função essencial o investimento na cultura, não só para assegurar uma vida digna aos artistas e aos diversos outros trabalhadores do setor, ao bem-estar do povo e ao desenvolvimento do País, que a cultura proporciona.
As autarquias, câmaras municipais e até juntas de freguesia, como é o caso no concelho do Seixal, dão o apoio possível ao Movimento Associativo Popular e com as suas habituais festas populares, a músicos e respetivo pessoal especializado de apoio. Mas é ao Estado que cabe ser o suporte permanente de toda esta gente que a nível nacional são cerca de 150 mil trabalhadores.
A televisão e a rádio públicas, deviam ser importantes centros de difusão cultural. Mas com exceção da rádio (Antena1) que tem alguns, poucos, programas sobre divulgação de música de raiz popular, como a “Árvore da Música” ou “Alma Lusa”, é curto. E ao contrário do excelente mas extinto “Viva a Música” de Armando Carvalheda, a horas pouco convenientes.
Se os partidos que têm constituído sucessivos governos, PS e PSD, não tivessem privatizado setores vitais da economia, se fosse essa a sua vontade, já o Estado tinha bem mais meios para financiar a cultura.
Não sendo assim, como disse Rui Galveias, para bem dos artistas, da cultura e do País, a sua unidade e luta, são fundamentais.