Este é o quinto e último de um conjunto de cinco artigos que saíram neste espaço, com o objectivo de clarificar os termos da próxima disputa eleitoral autárquica.
Um estratega em marketing político disse um dia e com razão: “As eleições não se ganham nas campanhas. Perdem-se nas campanhas”.
Na verdade, é ao longo de quatro anos de governo local que se joga a vitória eleitoral, Ou o poder convence os eleitores da validade do trabalho realizado ou a oposição substitui-se ao poder nesse papel, mostrando a ineficácia da gestão autárquica.
Os candidatos devem ter presente que, cada vez mais, o tempo da compra de votos chegou ao fim. Hoje será preciso “comprar” e “vender” informação. A conquista do voto será apenas a consequência de uma boa gestão autárquica e da sua divulgação durante quatro anos, de um notável trabalho de campanha e de um óptimo trabalho de conhecimento do eleitor.
O conhecimento do eleitor é, hoje, um factor fundamental e diferenciador das diversas candidaturas.
Para conhecer o eleitor é preciso saber:
- Quem é o seu eleitor?
- Quais são as suas principais necessidades e expectativas?
- Onde trabalha e vive?
- Como se pode aproximar dele?
Nunca acredite na promessa de um voto certo por parte do eleitor. Deve sempre aplicar a regra dos 20%. Se num bairro um eleitor disser que ali terá 100 votos, conte apenas com 20. Se conseguir a totalidade, a surpresa será completa.
Lembre-se, que a eleição diz respeito, acima de tudo, ao eleitor e não ao candidato. Por assim ser, o eleitor costuma fazer uma pergunta simples (directamente ou por omissão): O que ganho eu ao votar no candidato A ou B?
O candidato só ganhará o voto do eleitor quando este se convencer das vantagens de votar nele. A escolha é soberana e interesseira, não deve haver a mínima dúvida sobre isso.
O candidato melhor colocado para vencer é o que conseguir convencer o eleitor de que as suas promessas correspondem aos seus interesses e são para cumprir. A “mentira tem pernas curtas”!.
João Almeida, na qualidade de deputado do CDS, no programa “Prós e Contras” de 23 de Outubro 2013, culpou os eleitores pelo facto dos partidos que ganham eleições mentirem durante a campanha eleitoral.
Na opinião do candidato do CDS na coligação “Portugal à Frente” pelo círculo eleitoral de Aveiro, “se os partidos dissessem a verdade aos eleitores, e afirmassem que iriam cortar salários e pensões de reforma, aumentar os impostos perderiam as eleições”.
Ao concluir o seu raciocínio afirmou: “os eleitores obrigam-nos a mentir”.
Ao contrário do que sugere João de Almeida, os eleitores são ganhos pela promessa verdadeira, pela informação correcta e não pela mentira conveniente. Mentir ou chegar tarde à verdade até pode, em última instância, ser vencedora, mas os seus autores serão mais tarde ou mais cedo penalizados.
Considerando o actual nível de consciência social e política, a conquista do cidadão eleitor deve partir da constatação de que Portugal é um dos países com maior fidelização eleitoral e onde as oscilações em campanha raramente passam os 8%.
A disputa dos eleitores indecisos é, neste contexto, essencial para fazer pender a balança eleitoral para um lado ou para o outro.
Em Portugal, as campanhas pela negativa nunca deram grande resultado. O ataque pessoal, a difamação deve dar lugar a uma campanha pela positiva, com ideias inovadoras, estruturantes e capazes de alcandorar o concelho para patamares de progresso e desenvolvimento sustentáveis.