12 Agosto 2024, Segunda-feira

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A democracia e o Bloco Central

A democracia e o Bloco Central

A democracia e o Bloco Central

2 Outubro 2020, Sexta-feira
José Luís Ferreira

Há pouco mais de um mês, o Presidente da República vetou os decretos que pretendiam alterar, por um lado, a Lei do Exercício do Direito de Petição e por outro a redução dos debates no plenário sobre as questões europeias.

A primeira proposta tinha como objetivo central, dificultar a discussão em Plenário das petições promovidas pelos cidadãos, hoje bastam 4 mil assinaturas, com a proposta do PSD e PS seriam necessárias 10 mil.

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Ora, Os Verdes, porque valorizam muito este importante instrumento da nossa democracia, que, aliás, se quer participada, consideram que essa proposta representa um forte retrocesso no caminho que a Assembleia da República tem vindo a construir para potenciar e permitir a participação dos cidadãos na vida política e na vida parlamentar, e teve da nossa parte, a mais viva oposição.

Por isso, votamos contra esta estranha pretensão do PSD, mas também do PS, que, aliás, considerámos absolutamente inaceitável, desprovida de qualquer sentido e até contra a corrente.

A segunda proposta objeto de veto, que foi preparada, cozinhada e apresentada pelo PSD e pelo PS, pretendia reduzir o número de debates parlamentares sobre o Conselho Europeu e sobre as questões europeias, dos atuais seis debates para apenas dois debates por ano.

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Ora, esta pretensão representa para Os Verdes um monumental atentado contra um dos poderes ou competências mais nobres deste órgão de soberania que é a Assembleia da República, com a agravante de se tratar da fiscalização da atividade do Governo no âmbito do quadro Europeu, onde fora esses debates, pouco escrutínio é objetivamente possível fazer.

Mas é ainda uma proposta que se insere num esforço mais global de enfraquecer os poderes da Assembleia da República, que inclui nomeadamente o fim dos debates quinzenais com o Primeiro Ministro.

Sucede que ao enfraquecermos substancialmente as competências da Assembleia da República, estaríamos, naturalmente, a enfraquecer também a própria democracia, para além de ser uma proposta que em nada contribui para credibilizar este órgão de soberania, bem pelo contrário.

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Bem decidiu, portanto, o Presidente da República, porque se trata de uma pretensão que nada interessa à nossa vida democrática e à vida parlamentar.

Trata-se a nosso ver de uma pretensão absolutamente inqualificável e cujo atrevimento só é, aliás, compreensível se as razões que levaram PS e PSD a trazê-la a debate e a votação, estiverem ligadas ao receio do combate político por parte do PSD e do PS.

O que se esperaria era que estas decisões do PR representassem um travão definitivo a este desígnio do PSD e do PS em dificultar a discussão em plenário das petições e em procurar fragilizar as competências da A.R. e de enfraquecer os poderes de fiscalização deste órgão de soberania sobre a atividade do governo em matérias tão importantes como são as questões europeias, mas afinal, PSD e PS deram a volta ao texto e aprovaram as alterações, passando as petições a ter de contar com 7500 assinaturas para subirem a plenário e os debates sobre a Europa passaram para dois por semestre.

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