“PURGATÓRIO: espectáculo excelente notável!! Cenário, encenação, coreografia, luz, som…e então a música e as vozes! Magnífico, claramente ao nível de qualquer grande cidade europeia. Parabéns a esta dupla tão bem sucedida! Abraço.”
Maria Helena Mattos, mensagem SMS
Para mim, o Purgatório está indissociavelmente ligado a meu Pai. Este trazia sempre consigo os Clássicos; A Odisseia e a Ilíada, de Homero, a Eneida de Virgílio, I Promessi Sposi de Alessandro Manzoni, e tantos outros.
Meu Pai era um leitor compulsivo. Dizia-me sempre que a leitura induz a imaginação, a reflexão, o sentido crítico e a capacidade de mudar tudo aquilo que entendemos necessário, neste nosso Mundo.
Um dos seus livros favoritos era a trilogia La Divina Commedia (Inferno, Purgatorio e Paradiso) de Dante Alighieri, correspondente ao nosso Camões.
A moeda de dois euros italiana, apresenta a sua efígie.
Em traços muito simplistas, a Divina Comédia é uma viagem emocional que Dante efectua, à procura de Beatrice, a sua amada, precocemente desaparecida.
A partir do Purgatório, o maestro Jorge Salgueiro musicou e a Companhia de Teatro O Bando encenou numa peça de teatro.
O Teatro é uma das formas mais eficazes de contar uma história, uma vez que coloca, em simultâneo, elementos tais como a palavra, o gesto, a música e a dança, tendo sempre como objectivo educativo a formação humana, na tomada de consciência da própria individualidade e na redescoberta da necessidade de expressão, acreditando incondicionalmente nas potencialidades intrínsecas de cada indivíduo.
Trata-se de aceitar o risco da mudança e, tendo em conta a sua especificidade, procurar abrir novos horizontes no qual agir, implicando, dessa forma, a necessidade da abertura ao imprevisto, à brincadeira, ao diálogo criativo e à expressão musical.
Penso que esta simbiose foi basicamente conseguida nos quatro espectáculos que foram realizados no Fórum Luísa Todi, entre as virtualidades teatrais da Companhia de Teatro O Bando e o virtuosismo musical do Coro Setúbal Voz. E dos actores.
Em palco, tacteámos o espaço e a dimensão teatral, na sua riqueza e fecundidade. Para esse efeito, contámos com a simpatia, informalidade e extremo profissionalismo de Juliana Pinho, distinto membro do Bando, que esteve sempre do nosso lado, amparando-nos nas nossas inseguranças e direccionando-nos para um desempenho teatral que teria ficado muito aquém, se não fosse o seu empenho e determinação.
Fica aqui registado um especial agradecimento à Juliana Pinho. E também à Iolanda Rodrigues, directora da Academia de Dança Contemporânea, através da preciosa ajuda que nos deu na expressão corporal.
Aquilo que conseguidos realizar, deu-nos muita alegria, satisfação e regozijo.
Para nós, Coro Setúbal Voz, constitui uma grande honra e enorme privilégio podermos partilhar os ensaios, os bastidores, o palco, o teatro, a música, as amizades e os afectos, com a prestigiada Companhia de Teatro O Bando.
Meu Pai teria seguramente adorado assistir a estes espectáculos.
Um momento alto para todos nós, será seguramente a apresentação do Purgatório em Lisboa, no Teatro Nacional D.ª Maria II, com oito actuações previstas para o mês de Novembro.
Apenas uma nota final; as nossas simpáticas e eficientes contra-regras, Isabel e Matilde Santos, são netas de Jaime Graça, uma das figuras lendárias do Vitória Futebol Clube, o que prova que o afecto surge-nos muitas vezes, das formas mais inesperadas.
Muito obrigado a todos e um grande bem hajam.