A qualidade de vida, a proximidade, o não perder horas infindáveis no trânsito, são factores que quem vive em grandes centros urbanos inveja aos que residem em meios mais pequenos. Todos nós conhecemos alguém, familiar ou amigo, que vivendo em cidades pequenas, conseguem aproveitar melhor o seu tempo, conseguindo uma melhor conciliação da sua vida pessoal e profissional.
O modo como se organizam as cidades têm vindo a evoluir ao longo dos tempos, muitas das vezes não da melhor maneira. A criação de cidades monofuncionais, onde estão concentrados núcleos específicos com uma só função veio trazer a necessidade de deslocações pendulares entre os diferentes núcleos, que normalmente ocorrem de um modo sincronizado criando congestionamentos e aumentado a pressão sobre as redes viárias e de transportes públicos.
Para além do óbvio aumento dos tempos de deslocamento entre os vários pontos das cidades, roubando tempo precioso às famílias e às comunidades, provoca também um aumento das emissões de carbono e gases poluentes que irão ter fortes impactos ambientais nomeadamente nas alterações climáticas, qualidade do ar, nível de ruído, entre outros.
É assim imperativo alterar o paradigma de como planeamos e vivemos as nossas cidades, desenvolvendo soluções que permitam transformações que reduzam as distâncias entre os vários serviços, locais de trabalho e lazer, e que tornem as cidades mais inclusivas e criativas, onde tudo o que necessitamos no nosso quotidiano estará apenas a 15 minutos de distância.
Os novos conceitos urbanos têm de obrigatoriamente assentar em modelos mais sustentáveis que permitam também ir ao encontro das metas definidas nos acordos internacionais para a redução das emissões de carbono e assim assegurar o futuro das novas gerações.
Criar corredores verdes, para além da retenção do dióxido de carbono e da natural redução da temperatura ambiente, permite ainda a criação de espaços lúdicos e de convívio que permitirão aproximar muito mais as comunidades. A mobilidade terá também de ser repensada adoptando meios de ligeiros de deslocação como as bicicletas ou mesmo as tão famosas trotinetes eléctricas, mas para que isso seja possível terão que ser implementadas um conjunto de medidas que crie as condições para que estas deslocações sejam realizadas comodamente e em segurança.
Terão que ser criadas as condições para o desenvolvimento de um comércio de proximidade, permitindo assim que as comunidades tenham acesso aos bens e serviços de que necessitam no seu dia a dia, e que sejam asseguradas as seis funções sociais de proximidade: viver, trabalhar fornecimento, lazer, saúde e aprendizagem.
Esta mudança no paradigma de como entendemos as nossas cidades, irá permitir que se consiga poupar o bem mais escasso de que dispomos, que é o tempo. E assim conseguirmos viver mais devagar e obter uma maior qualidade de vida, mas principalmente voltarmos a ter tempo para o que é mais importante, estarmos com as nossas famílias e podermos ter tempo para nós próprios.