De repente tudo é novo e de novo nada serve. Para onde vamos e a que chegamos?
Se há coisa que parece – e há tanta coisa que parece – verdadeiramente firme aos olhos dos filhos do 25 de Abril é que tudo está garantido. Mais: Está assegurado e é um direito.
A uma geração que nunca viveu uma guerra – até os canhões do Ultramar se calaram com esta alvorada – e que gozou do maior período de prosperidade do país, o que pode assustar? A um jovem, em paz, sem fome e com poder de compra, o que pode faltar além do amor e da saúde?
Pode faltar o futuro.
O que sentimos como um direito – e que devia ser um direito – pode desaparecer (quase) completamente. De repente pode faltar o chão.
Novos sindicatos, novos movimentos, novos presidentes. De repente tudo é novo, tudo é improvável e de novo nada serve.
Mais liberdade, mais capacidade e melhor qualidade. Mas menos saída e mais frustração.
A globalização mostra-nos ameaças globais que já assustam mais que a guerra nuclear, como o colapso ecológico e a disrrupção tecnológica. O avanço da tecnologia retira-nos o valor do trabalho para substituir a exploração económica pela irrelevância social, mais grave ainda porque nos aniquila enquanto indivíduos.
E tudo parece tão rápido. O 25 de Abril e Karl Marx foram ontem. Os nossos filhos que estão a nascer hoje já vão chegar ao século 22. Mas não têm o que lhes sirva. Não há nada que lhes valha.
São precisas revoluções novas. Manter estas como retaguarda e fazer outras novas.
Será impressão nossa ou os franceses já estão a preparar as ruas para a nova Revolução Francesa? E onde haveria de começar o caminho para o futuro senão lá?