29 Março 2024, Sexta-feira
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Um assunto sério

Passei em revista os assuntos noticiados pelas nossas televisões para escrever estas minhas habituais reflexões semanais e resolvi abordar um assunto a que a maior parte das pessoas não se dedica o suficiente. Ou quase nada!  E é um assunto de que as nossas autoridades já vão falando, mas sobre o qual nada se faz de concreto.

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Já é bom que alguém influente na nossa sociedade – pessoas cuja opinião tem peso – vá falando ou escrevendo sobre o assunto. Mas é a juventude quem vai tomando decisões com seriedade. Só que os adultos, que têm as rédeas do poder, não se deixam facilmente “comover” com essas atitudes.

É evidente que não me refiro à guerra da Ucrânia nem às barbaridades do Sr. Putin. É igualmente bem evidente que me não refiro à “rebaldaria” da nossa política e dos nossos políticos. Também não me refiro ao facto do nosso País estar praticamente parado com greves nos transportes, com greves dos professores há mais de dois meses, com os oficiais de justiça igualmente a paralisar a já lentíssima justiça com processos que já ultrapassam os dez anos, com os enfermeiros deste e daquele hospital igualmente parados a reivindicar aumentos, com filas de tratores com os seus condutores gritando contra o seu ministério que – gritam eles – os abandonou.

E não me refiro às filas para as urgências hospitalares ou para marcações de consultas nos centros de saúde. E como sou médico poderia divagar sobre a desorganização do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS), em especial dos cuidados primários, que há muitos anos também dei uma ajudazinha a organizar.

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Mas quero apenas referir-me às dezenas de jovens que se acorrentaram aos portões da refinaria de Sines como protesto contra tudo aquilo que provoca as alterações climáticas. Já aqui nos referimos aos furacões arrasadores e cada vez mais frequentes na América, já sentimos na pele as temperaturas altas fora de época, ao degelo dos polos fazendo subir o nível dos mares, às secas de duração nunca vista fazendo populações inteiras abandonarem as suas terras procurando lugar onde se possa viver mesmo que essa fuga faça morrer milhares no Mediterrâneo ou no Canal da Mancha, ou ficarem retidos e abandonados em muitas fronteiras de países que os não querem receber.

Ora os cientistas afirmam sem qualquer dúvida que tudo isto é devido ao que se chama de “aquecimento global”. Para pôr termo a esse fenómeno que está evidente diante dos nossos olhos é necessário mudar muita coisa e muitas orientações nas nossas sociedades. Coisas e hábitos que são a base duma “pequena parte” dos nossos cidadãos – os senhores do dinheiro! Não é preciso pertencer a um qualquer partido político pois até o nosso Papa Francisco afirma que vivemos numa “economia que mata”.

É evidente que a nossa juventude mais esclarecida teme – e cheia de razão – pelo seu futuro e, por isso tomam atitudes chocantes pois sabem igualmente que falar – ou mesmo gritar – não serve de nada pois as petrolíferas, a poderosa indústria química e os bancos, os fundos e os “paraísos fiscais” dominam os governos em qualquer parte do mundo. E os “senhores do dinheiro” sabem bem que as indústrias rentáveis vivem à custa da exploração dos tais que vão abandonando as suas terras – e mesmo esses são alvo de outra indústria também rentável que é o “tráfico de pessoas”. E a produção e venda de armas, cada vez mais mortíferas. Ouçamos os gritos e olhemos as atitudes dessa juventude que sabe que se não forem tomadas agora medidas contra esse “aquecimento global “os seus filhos não terão condições para viverem. Levemos isto a sério, é a nossa responsabilidade!

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