19 Abril 2024, Sexta-feira
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Educação, equidade e mudança: horizontes no pós-pandemia

2020-2022: um período que ficará para sempre na memória de quem o vivenciou, em particular de crianças, jovens e suas famílias, assim como dos profissionais de educação. Erguidas as taças de champanhe e partilhados os melhores votos para o ano de 2023, qual o ponto de situação da educação no nosso país, na perspetiva dos alunos?
Estão à distância de um clique duas publicações do Conselho Nacional de Educação (CNEDU, Portugal), produzidas entre 2020 e 2021, que procuraram não só compreender os efeitos da pandemia por SARS-COV2 na educação, como ainda identificar respostas encontradas pelos atores no terreno perante as alterações desencadeadas e o adensamento de desigualdades ocasionado pelo encerramento dos estabelecimentos de educação. Constata-se que a pandemia “criou uma circunstância «particularmente favorável à modernização do sistema educativo e da escola» (Figueiredo, 2021)”, registando-se um salto notável, nomeadamente pela utilização mais efetiva, consciente e diversificada de ferramentas digitais e da adesão a soluções de formação e comunicação a distância. Nesta linha, cumpre recordar a aposta da tutela na Capacitação Digital de Escolas e Docentes, estando em curso o projeto-piloto do desenvolvimento de manuais digitais (PPMD), com a ambição de se estender a todas as escolas portuguesas.
Somam-se, porém, consequências particularmente negativas, cuja inteira dimensão estará ainda por apurar: Como se salvaguardou, na prática, o acompanhamento dos alunos com necessidades de saúde especiais? Até que ponto se evidenciam agora as desigualdades no acesso à educação no período em que as escolas estiveram encerradas? De que forma os obstáculos suscitados pela pandemia ocasionaram mudanças significativas na prática pedagógica e na formação de professores?
Estas e outras questões levaram professores e estudantes da Escola Superior Jean Piaget de Almada a organizar as II Jornadas Internacionais de Educação Básica, em parceria com a Faculdade Piaget de Campus Suzano (Brasil) e a Unipiaget de Cabo Verde, decorridas em setembro de 2022. Apesar do empenho das instituições, dos docentes, dos alunos e suas famílias, refletiu-se, com apreensão, a existência de evidências de como o ensino remoto de emergência não constituiu uma resposta verdadeiramente assertiva. Isto dada a irrefutável importância da modalidade presencial na escolaridade obrigatória – não obstante a introdução de respostas tecnológicas e digitais verdadeiramente enriquecedoras –, as caraterísticas do ensino remoto de emergência e a uma retaguarda familiar de qualidade amplamente variável.
Finda a maior prova pela qual a Humanidade passou nos últimos 100 anos, reconhecemos em nós a capacidade de nos reajustarmos perante situações-limite. Mas não nos podemos ficar pelos mínimos.
Oportunamente, as orientações da OCDE no horizonte da educação 2030 apelam a um reposicionamento da educação: não basta perspetivar a integração no mercado de trabalho. Cumpre dar uma resposta verdadeiramente atual a diferentes expectativas de construção de conhecimento e de um maior comprometimento com o mundo que nos rodeia e desafia. Motivar para as aprendizagens passa por reajustar a lente, colocar as questões certas, semear a sede de querer saber, ser e fazer mais e melhor, na perspetiva de se tornar um cidadão dinâmico, seguro e empenhado nas múltiplas dimensões da sua existência.
Não será esta a bela utopia que continuamente move a engrenagem da educação?

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