19 Abril 2024, Sexta-feira
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Padre Francisco Graça, homem de grande fé

No passado dia 18 deste mês de Dezembro de 2022, com 91 anos de idade, entrou na Casa do Pai, o Padre Francisco Graça, pároco emérito em Santa Maria da Graça e S. Julião, em Setúbal.

 

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Durante uns bons anos, tive uma proximidade maior com o Pe. Graça. Por razões menos felizes, deixei a minha comunidade paroquial, na qual militei até aos 19 anos. Foi ele que me acolheu, primeiro como animador do canto da missa de domingo da Capela do Senhor do Bonfim, e lá permitiu que um grupo de jovens se reunisse para, pelo menos, uma vez por semana, preparar a sua tarde de evangelização na localidade das Padeiras, percorrendo, a pé, 12 Kms, ida e volta, para dar catequese a crianças e realizar encontros de iniciação cristã para adultos. Passado algum tempo, comecei a animar as assembleias que se reuniam para as grandes celebrações na Sé Catedral, a participar, sobretudo, nos refrãos, dos cantos. Depois, com a minha saudosa amiga Manuela Roupa, passei a dar voz às meditações preparadas, umas vezes pelo Pe. Graça, outras pelo Pe. Lobato, nas procissões do Corpo de Deus e de Sexta-feira Santa. Outros desafios pastorais fizeram-me não continuar tão próximo, mas sempre, mutuamente, muito amigos. Devo muitas palavras e gestos de afecto e apreço, a este Padre de Setúbal que deixou marcas, e que, nesta hora, já muitíssimas estão toldadas por esse sentimento, deixado só por gente boa, que é a saudade.

Sinceramente, apesar de ser um desses, sobressai em mim uma força espiritual maior que é a de louvar a Deus pela minha vida se ter cruzado com a do Pe. Graça. Aprendi muito com ele, mas, sobretudo o seu testemunho visceral da fé em Deus, Uno e Trino, e do amor filial a Nossa Senhora, de um filho que só se sentia seguro ao colo da Mãe, sempre foram referências de crescimento de total confiança em Deus e na intercessão de Maria, com quem aprendi a dizer “sim”.

Jesus só classificou de “grande” a fé de duas pessoas, que, por acaso, até eram gentias. Os meus critérios serão, como é óbvio, muito diferentes, dos d’Ele. Mas, tendo em conta que Ele é muito mais misericordioso do que eu, arrisco a dizer que a minha classificação será mais exigente que a feita por Jesus. Seja como for, eu sei, por isso o afirmo, que o PE. GRAÇA FOI UM HOMEM COM UMA FÉ GRANDE. Foi; pois, agora já não precisa dela, porque já encontrou o Senhor face a face. (cfr Jb 19, 27) Ele tinha uma grande fé, porque era uma grande pessoa. Tinha uma capacidade formidável de fazer empatia, resultante da sua inteira disponibilidade para acolher e escutar. A muitíssima gente ouvi falar das suas capacidades de confessor, particularmente, por ser capaz de fazer passar a compaixão de Deus. A sua fé era grande, porque era muito humanista. Era muito perseverante. Só uma fé firme alimenta a não tentação do desespero.

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A última vez que nos encontrámos, foi na Sé de Setúbal, na celebração dos seus 90 anos. Quando o cumprimentei, com a sua voz forte, disse-me: «meu filho, sempre amaste, muito a Igreja.» Ele conhecia-me bem para o dizer.

Pe. Graça, não rezo por si, pois creio, firmemente, que já recebeu o abraço eterno de Deus. Peço-lhe que reze a Deus por mim para que seja fiel até ao fim. Até já, meu amigo.

Presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado

Eugénio Fonseca
Presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado
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