Não, esta,de que falo hoje, não ardeu. Será um pouco mais nova do que a outra, mas os dois mil anos de idade andam por ali.
Viveu toda a sua vida na encosta da Serra do Louro, mas agora está no Espaço Fortuna, na Quinta do Anjo. Em 1989, no dia 21 de Março, dia da árvore, o Sebastião Fortuna, com o apoio logistico da Câmara Municipal de Palmela, transplantou-a para onde hoje se encontra. Porquê? Para a salvar! Sim, para isso mesmo. É que, por baixo do tronco das oliveiras, os coelhos escavam a terra para fazerem as suas luras (tocas), e lá se refugiam; havia caçadores que, para os apanharem, ateavam lume à entrada das luras, que pegava nas oliveiras e muitas morreram assim. Foi o que tinha acontecido a uma, vizinha e da mesma idade que esta que o Sebastião salvou.
Aconteceu que a oliveira não resistiu ao transplante e secou. O seu tronco está lá, com seis metros de perímetro e, se for cuidado, perdurará ainda por muito tempo. No entanto, a raíz do zambujeiro em que ela foi enxertada em pequena, não secou e dela nasceu um rebento de zambujeiro, muito vigoroso, que atualmente já é uma árvore e que, se nada der cabo dele, poderá viver mais uns milhares de anos! Não é exagero, não senhor; é mesmo verdade.
Havia outras oliveiras na serra, que o povo conhecia bem. Refiro apenas duas que ainda perduram: uma tem o tronco todo oco, e uma sua dona de há muito tempo, fazia desse tronco a capoeira das galinhas. Com uma rede de arame na entrada, lá passavam a noite protegidas das raposas; outra, perto das Silveiras, é a Oliveira Gorda.
Que tal fazer um percurso turístico – a Rota das Oliveiras Velhas – por onde, gente amante da natureza, se pudesse encontrar com alicerces vivos do passado. E já não falo de um roteiro pelos lagares que houve em Palmela. Tantos! Fica para outra altura.
Fica a sugestão.