19 Abril 2024, Sexta-feira
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Tempos difíceis

Em contraponto ao que nos impingem incessantemente sobre a origem e objectivos da guerra na Ucrânia, li uma notável entrevista de Carlos Matos Gomes ao jornal A Voz do Operário, que circula na Internet, cuja leitura na íntegra, sugiro vivamente.

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“Este conflito apenas não foi evitado porque foi deliberadamente provocado (…) resulta da análise que os Estados Unidos fazem dos seus interesses estratégicos para manterem a supremacia do poder mundial, o que implica eliminar potências concorrentes, no caso a Rússia e a China”.

“A Ucrânia é apenas o palco mais adequado ao conflito que opõe os EUA à Rússia e à China, uma barriga de aluguer. Aliás, o objectivo declarado dos EUA é o enfraquecimento da Rússia e a conclusão da cimeira da NATO de Madrid foi que a China é uma ameaça aos valores do “Ocidente”, aqui representados pela NATO, a aliança militar dos países de capitalismo avançado”.

À pergunta ‘se é possível parar o conflito’: “… Do lado americano – e os americanos não costumam atender aos interesses dos seus aliados e vassalos, no caso a UE, ou o governo de Zelensky (veja-se o abandono dos aliados afegãos) – a administração Biden está interessada neste confronto em tempo de eleições”.

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“Também necessita de um bode expiatório para justificar as quedas das bolsas de valores (Wall Street) e o aumento do custo de vida. (…) Quer Stoltenberg, quer o seu patrão Biden, são populistas e conhecem o cenário em que os cidadãos dos Estados Unidos e da Europa vão viver e utilizaram os mais poderosos e insidiosos instrumentos de manipulação da opinião pública – veja-se o guião de todas as grandes estações de televisão, dos jornais, das redes – para apresentarem o poder russo como responsável do mal que aí vem”.

“A técnica é conhecida e recorrente… Sobre a entrada da Suécia e da Finlândia na NATO: “A entrada da Suécia e da Finlândia na NATO tem, para mim, um significado: Os intervenientes neste negócio são actores, para quem a moral, a ética, os ditos valores correspondem aos interesses de momento. (…) A questão curda é exemplar da ausência de valores de todos estes actores que se autodefinem como padrões de democracia, os curdos são párias, moeda de troca, como o são e foram os afegãos, os vietnamitas, os talibans, como serão os ucranianos…”.

Sobre o mundo pós-guerra: “… um mundo de conflitos regionais, menos preocupado com questões ambientais e com direitos humanos. Uma Europa ainda menos importante e mais dependente de uma única fonte de poder, os Estados Unidos. Um mundo ainda mais desigual, com maior concentração de riqueza. Um mundo sem utopias, nem esperança, por isso mais agressivo. Era urgente uma utopia, uma luz que desse ânimo…”.

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Resumidamente, eis a posição sobre a matéria deste pensador, deste capitão de Abril. E, fruto da desertificação, das altas temperaturas e da incúria, incluindo a de sucessivos governos PS e PSD, aí temos os recorrentes e devastadores incêndios. Vivemos mesmo tempos difíceis! Mas, caro Matos Gomes, apesar de tudo, a utopia não morreu!

Francisco Ramalho
Professor, Corroios
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