3 Junho 2023, Sábado
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Putinadas

Falar de justiça na guerra soa a contra-senso porque associamos a actividade bélica a cúmulos de violência e a grandes destruições, a números assustadores de feridos e de mortos, a dramas e sofrimentos indizíveis – razões que nos levam, geralmente, a condená-la.

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Por vezes, no entanto, existe um lado justo numa guerra. Seja quando um povo defende o seu território de uma agressão exterior injustificável, à semelhança do que vemos na Ucrânia. Não há como hesitar: o lado justo desta guerra é o lado da nação ucraniana.

Suponho que os próprios simpatizantes da Rússia não aprovam esta agressão de Putin e da nomenclatura que o segue e o sustenta. Putin, no andar gingado e ar de rufião, lembra o «rapaz das vacas» do faroeste estadunidense, a quem só faltará o chapéu característico, as botas e as esporas, as pistolas nos coldres, semanas de surro acumulado nas vestimentas e na pele e o cheirete a cavalo e a gado vacum.

Parece mentira que indivíduos desta laia consigam chegar a chefes de governos e a presidentes de países, e se perpetuem no poder, quais altezas reais, como é o caso. Pior, que vejamos tantos destes espécimes sinistros a governar, no mundo de hoje. Uma cambada!

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O ditador com tiques de czar, que não suporta a desagregação da União Soviética, sonha com a reconstituição do império e acha-se no pleno direito de o fazer – como se os impérios, que se desmoronaram porque a História tem os seus tempos e as suas tragédias, mas também os seus reparos, sejam coisas de se voltar a construir, ao capricho de qualquer maniento.

É a influência de Moscovo sobre o palhaço Lukashenko da Bielorrússia, foi a dentada na Abecásia e na Ossétia do Sul e a agressão à Geórgia, foi a anexação da Crimeia e de Sevastopol e agora a patada de urso a Donetsk e a Lugansk, e o propósito evidente de controlar a Ucrânia.

Ficarão por aqui as putinadas imperialistas do cowboy sonhador? Enquanto o Ivan de pacotilha arquitectava e ia executando o seu plano expansionista, dirigentes e magnatas europeus entretinham-se em negócios e negociatas com a oligarquia / cleptocracia russa.

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Acordaram agora, muito agoniados com o «perigo russo», quando antes andaram a lavar o dinheiro sujo dos ricaços da Rússia e nos puseram na dependência dos fornecimentos russos de petróleo, gás natural e outros produtos. Não deixam de nos decepcionar, estas hipotéticas elites europeias.

Elucidativo que, entre as sanções agora aplicadas aos mentores da agressão à Ucrânia, surjam os congelamentos das contas bancárias de Vladimir Putin e de Serguei Lavrov, o seu ministro dos Negócios Estrangeiros.

Já nos habituámos a ouvir falar das «poupanças» das camarilhas dirigentes de nações onde grassam a corrupção, a impunidade e a desvergonha. O enriquecimento criminoso permite-lhes amontoar fortunas de nababos, acolhidas no exterior e, em particular, na Europa, de braços abertos e sem quaisquer pudores.

O meu grande respeito pelos cidadãos russos que condenam a invasão do país irmão, enfrentando todas as repressões da ditadura oligarca/cleptocrata. O meu grande respeito por Volodymyr Zelensky, o corajoso presidente que só pode orgulhar o seu povo.

O meu grande respeito pelos valentes ucranianos em armas, na defesa da sua pátria e do modo de viver que escolheram. Que a vitória lhes sorria, porque é justa a sua causa e a sua guerra.

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