18 Abril 2024, Quinta-feira
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Um coração de porco

A ciência não tem limites! E ouvimos recentemente a notícia de um transplante de um coração de porco para um ser humano.

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Alem de a ciência, e em especial a ciência aplicada aos problemas médicos, ter vindo a sofrer uma enorme aceleração – até incrementada pela recente pandemia – sabemos há vários séculos que o porco tem um organismo com assombrosas semelhanças ao do ser humano.

Sabemos que nos velhos tempos em que era pecado com direito a fogueira da Inquisição, estudar anatomia no corpo humano os médicos de antenho e curiosos de aprender  anatomia o faziam no porco, mas tal facto não deixa de nos surpreender sob o ponto de vista médico porque, na realidade sabemos igualmente desde há muito que muita gente, com os seus procedimentos nos faziam levantar a suspeita de que tais atos só poderiam justificar-se se tal pessoa tivesse mesmo um coração de porco … ou de pedra.

Que pensar dos abusadores sexuais de crianças de tenra idade? Que pensar da indiferença manifestada tão frequentemente de certas pessoas perante sevicias infligidas a menores?

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Que pensar de pessoas que tratam os seus subordinados com desprezo e, quantas vezes com violência? Que pensar de políticos que propõem governar mandando a polícia atirar a matar sobre quem protesta para ter os seus direitos?

Ou mesmo que espécie de coração têm as pessoas que nem conhecemos e que dirigem o processo socioeconómico com a plena consciência de que estão reduzindo à pobreza milhares – e até em certos casos – milhões de pessoas? Que pensar de quem promove e participa no tráfico de seres humanos ou– até como vimos há dias nos noticiários – negoceia com órgãos – esses sim, de humanos – de pessoas em extrema pobreza, como no Afeganistão?

Fazemos votos que esse doente transplantado com um coração de porco venha a proceder na sua vida assim salva, como um verdadeiro ser humano, isto é, com afeto e civilidade no seu ambiente familiar e social.

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Esta notícia fez-nos pensar nos efeitos da tecnologia aplicada á medicina. Eu sei que os aprimorados meios de observação que nos trouce o RX e a tomografia, a ressonância magnética, a ecografia, nos permitem ver, diagnosticar e tratar imensas doenças.

Eu sei que a química nos colocou nas mãos meios ímpares de tratamentos de doenças que eram fatais sem eles. Eu sei, que os minuciosos meios analíticos nos permitem igualmente entender com minúcia inimaginável há meia dúzia de anos, os processos celulares até ao limite dos componentes dum núcleo duma célula, eu sei que todos esses progressos foram agora enormes auxílios nesta atual crise pandémica.

Eu sei que no espírito da generalidade das pessoas se avivou mais a imagem duma medicina tecnológica ao ver as salas de cuidados intensivos. Ou, ao ler a notícia fantástica duma cesariana feita numa doente com a covid19, com pulmão artificial e com circulação mantida por uma máquina, trazendo à vida um bebé que está salvo e em de saúde.

Eu sei tudo isso, mas também sei que em tempos normais oitenta por cento das queixas de qualquer pessoa não precisam desses cuidados hospitalares e dessas tecnologias e, antes pelo contrário precisam de ser simplesmente ouvidos com interesse – ia a dizer com carinho – pelo médico a quem se estão queixando.

E. em especial, sei que o nosso sofrimento e os nossos males e problemas íntimos “falam” pelo nosso corpo. Também sei que os ambientes sociais, e – especialmente- os ambientes familiares estão na base de muita queixa do aparelho digestivo, ou mesmo do coração ou de dores músculo-esqueléticas são expressão de problemas íntimos com origem tantas vezes na infância.

Não esqueçamos: a maioria dos nossos problemas não necessitam, de hospital, mas de cuidados primários especializados – por favor não ponham os médicos de família a passar o dia ao telefone a acompanhar “covides ligeiros” pondo de lado a sua função verdadeira de médicos, verdadeiros provedores dos pacientes e detetores dos primeiros sinais das doenças!

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