19 Abril 2024, Sexta-feira
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Democracia condicionada

Fui há dias ver um grande filme sobre um assunto tão importante, mas tão vulgar; a forma como se manipula um povo. E é tão fácil! Basta ter-se os meios para tal.

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Trata-se de “Colectiv- A Corrupção na Roménia”. Realizado pelo alemão de origem romena, Alexander Nanau e com um elenco fabuloso. Destacando-se o ator que faz do jornalista que começou a puxar o fio à meada do novelo da corrupção quase generalizada em que se encontrava (não encontrará ainda?) o sector da Saúde na Roménia, e do que faz de ministro dessa pasta, no Governo provisório.

O filme é sobre uma história real. O incêndio na discoteca Colectiv em Bucareste a 30 de Outubro de 2015 que causou 27 mortos e 180 feridos. Tendo a maioria destes, morrido depois nos hospitais por não serem devidamente tratados mas, sobretudo, pelo facto do desinfetante usado nos hospitais estar adulterado.

O choque na opinião pública, levou à queda do Governo.

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Mas, apesar da dimensão da tragédia, da denúncia de corrupção, do ministro da saúde do Governo provisório ter proposto medidas eficazes, quando houve eleições, os social-democratas, como se diz no filme, voltaram a ganhá-las e o jornalista em destaque, ameaçado.

Não nos vem imediatamente à cabeça, onde é que já se viu este filme? Infelizmente, em tantos lados. Por exemplo, num País, onde, com exceção da ameaça, tal como na Roménia, o Governo dos social-democratas (com o próprio nome ou ditos socialistas) privatizaram as grandes empresas  incluindo, evidentemente, com uma única exceção, os bancos, e onde agora emergem Salgados, Berardos, Vieiras que são apenas as pontas do imenso icebergue vogando no mar da corrupção que o Governo dos social-democratas, permitiu.

E, como na Roménia que o referido filme tão bem retrata, quando há eleições, os social-democratas ou os outros ditos socialistas, sistematicamente, não as ganham também?

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Porque, ainda como na Roménia, têm os meios para manipular e convencer o povo. Esses mesmos meios, que quase silenciam o trabalho, as iniciativas, as propostas, da oposição. Esses mesmos meios, onde pululam comentadores e analistas, fazedores de opinião, favoráveis ao Governo dos social-democratas rosa ou laranja ou dos seus companheiros de barricada. Esses mesmos meios, onde os social-democratas de uma ou da outra cor e os donos desses meios e disto tudo, para dar um ar de democracia, lá acolhem um ou outro comentador ou analista da oposição.

Isto, no plano nacional. No internacional, alinham todos sob a batuta do império. O império que almeja a hegemonia, o controlo, global. É vê-los a alinharem nas críticas a quem não obedece ao império. A quem acusam de não serem democratas como eles. Um perigo, dizem, para a democracia e um mal, para esses povos. Entretanto, o que devia ser usado para que o povo tivesse uma vida decente, esvai-se na corrupção e no apoio, através da NATO e não só, que dão à estratégia do império e às guerras que promove.

É assim a democracia condicionada dos social-democratas rosa, ou laranja.

Francisco Ramalho
Professor, Corroios
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