29 Março 2024, Sexta-feira
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Homenagem emocionada a Franco Battiato

Embora seja assumida e orgulhosamente um português, setubalense e vitoriano, quase todo o meu nome, metade da minha herança genética e uma parcela muito significativa da minha dimensão afectiva e cultural é italiana, por motivos óbvios.

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Meu Pai fez sempre questão de termos sempre presente a italianidade, como complemento harmonioso da lusitanidade.

Uma das vertentes sempre presente é a música. Para um italiano a música faz parte da sua matriz genética e cultural.

A Itália é uma terra de música e de músicos.

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Infelizmente, nós portugueses, colocamos demasiado o acento tónico na música de expressão anglo-saxónica, em detrimento de outras.

Um dos compositores e intérpretes mais conhecidos, reconhecidos, apreciados e amados em Itália e seguramente quase desconhecido em Portugal, é Franco Battiato.

Francesco (Franco) Battiato nasceu em Catania (tal como meu Pai) em 1945. Desde cedo enveredou pela música experimental, procurando sons pouco habituais, numa lírica muito pouco convencional, mas de uma dimensão e de uma harmonia que não nos deixam indiferente.

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Escreveu ao longo da sua vida trechos de uma beleza que nos deixam extasiados.

Com Franco Battiato percepcionamos um estado de consciência, transportando-nos para uma transcendência que somente a música e os músicos de eleição nos conseguem fazer alcançar.

É impossível ouvir muitas músicas de Battiato, sem desprender una furtiva lacrima.

A intensidade daquilo que diz, toca-nos o coração, fazendo-nos percepcionar o Amor e recordar pessoas queridas já desaparecidas.

A sua música é superlativa. Battiato possuía uma Alma profunda e comovente, que nos comovia a todos, com uma sensualidade epidérmica, tocando as cordas mais íntimas no ser humano, parecendo que respira e aquece, ao percorremos aquelas músicas incessantemente.

Existe em Franco Battiato uma espiritualidade omnipresente de uma doçura mística e sublime, que coexiste com um sentido de justiça muito vincadamente italiano.

Battiato era um poeta, uma pessoa com uma delicadeza infinita, uma elegância, uma consciência individual que ilumina as outras consciências, com uma percepção temporal notável.

O presidente da República italiana Sergio Matarella, referindo -se à morte de Franco Battiato afirmou: “Profundamente entristecido pelo prematuro desaparecimento de um artista culto e refinado, que com o seu inconfundível estilo musical – fruto de um intenso estudo e febril experimentação – fascinou um vasto público, muito para além das fronteiras nacionais.”

 “Il maestro”, como era conhecido, autor de obras-primas como La Cura (gravado em Lisboa)L’era del Cinghiale BiancoCentro di Gravità Permanente, estava enfermo já há algum tempo.

Na sequência do seu sexagésimo sexto aniversário, foi republicado La Voce del Padrone, o álbum que há quarenta anos atrás, fez de Battiato foi o primeiro músico a superar o milhão de cópias vendidas.

Faleceu em Maio deste ano, aos 76 anos. Muitos consideram-no Património da Humanidade.

Toda a Itália chora a sua perda.

Tal como sucedeu com Ennio Morricone, com Franco Battiato desaparece um pouco de nós próprios. Desta vez, a perda também  é muito forte. E dolorosa.

Franco Battiato estará sempre presente como um magnífico exemplo de Arte, Humanidade, Inteligência e Cultura.

Fica a sua inigualável música.

La stagione dell’amore viene e va,

e desideri non invecchiano quase mai com l’età…

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