20 Abril 2024, Sábado
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A liberdade de imprensa, Roman Protasevich e o desvio de um avião

“A nossa liberdade depende da liberdade de imprensa, e ela não pode ser limitada, sem ser perdida”.

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Thomas Jefferson

 

Recentemente chegou-nos a notícia chocante que o jornalista Roman Protasevich, de 26 anos, opositor do regime presidido pelo ditador da Bielorrússia Aleksander Lukashenko, foi detido.

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Para efectuar a detenção de Protasevich, Lukashenko (no poder desde 1994) não esteve com meia medidas; alegando uma suspeita de bomba a bordo, forçou o desvio, para Minsk, de um avião comercial da Ryanair que voava da Grécia para a Lituânia (dois países da União Europeia!), o país para onde se mudou em 2019, quando temia a sua detenção.

Protasevich foi co-fundador e director dos canais Telegram Nexta e Nexta Live, com cerca dois milhões de subscritores, que foram decisivos na organização dos protestos contra Lukashenko, depois das eleições presidenciais realizadas em Agosto de 2020, onde houve suspeitas de fraude.

Roman Protasevich é também um colaborador próximo da líder da oposição bielorrussa no exílio, Svetlana Tikhanovskaia, que está refugiada na Lituânia e que há uma semana seguiu a mesma rota do avião da Ryanair que agora foi desviado para Minsk.

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Com apenas dezasseis anos, Protasevich foi detido durante uma manifestação contra Lukashenko, no quadro da designada “Revolução através das redes sociais”, onde se convocavam acções de protesto.

Ingressou na Faculdade de Jornalismo da Universidade Estatal da Bielorrússia, mas foi excluído, o que não o impediu de trabalhar com vários meios informativos independentes, até que, no final de 2019, teve de sair do país e pedir asilo político, o que fez na Polónia, de onde saiu para Vilnius.

Os seus pais, receosos de sofrerem represálias pelas actividades políticas do seu filho, também abandonaram a Bielorrússia.

A sua namorada, Sofia Sapega, uma estudante russa da Universidade de Vilnius que viajava com Roman, também foi detida no aeroporto de Minsk.

Quando tocam num jornalista, tocam em todos. Sem um jornalismo sério, responsável e independente, não existe uma sociedade verdadeiramente democrática.

Sem o bom jornalismo, não existe espírito crítico, motor de liberdade e estaríamos menos conscientes da sua importância, quando encontramos tiranos como Lukashenko, o seu vizinho a Leste, Vladimir Putin ou o vizinho a Sul, Erdogan.

O jornalismo alerta-nos contra todas as formas de opressão. Por isso, existirão sempre estes ditadores de pacotilha, empenhados em controlar a conduta dos cidadãos, reprimindo-os e vigiando-os, e tendo tanto receio e paranoia dos jornalistas independentes, que chegam ao ponto de desviar um avião.

O bom jornalista obriga as pessoas a pensar, a reflectir, toca a consciência, torna os cidadãos mais difíceis de manipular, de aceitar todos os condicionamentos que estes ditadores promovem e incentivam.

Se existe algo que a História da Humanidade nos ensinou é que o espírito humano não se pode acantonar, nem condicionar, nem amordaçar. Mais tarde ou mais cedo, irrompe, quebra barreiras e inunda, por vezes desenfreadamente, os nossos espaços físicos, políticos, afectivos e emocionais.

A União Europeia (sobretudo esta) e os Estados Unidos (agora com Joe Biden), devem ser firmes com Lukashenko. Se assim não for, Roman Protasevich e a namorada arriscam-se a “suicidar-se” na prisão.

Todos somos Roman Protasevich.

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