29 Março 2024, Sexta-feira
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O 25 de Abril

Passou mais um “25 de Abril”!

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Uma comemoração com quezílias e problemas que ensombraram esse dia magnífico, esse dia em louvor da liberdade. Porque neste dia em nada mais se devia pensar do que na conquista da liberdade. Eu sei que passados 47 anos sobre esse dia poucas pessoas estão na gestão actual da nossa sociedade. Eu sei que só pode saborear a Liberdade quem viveu anos e anos em ditadura, e os homens de 40 ou 50 anos de idade ou não eram nascidos ou eram crianças à época e por isso não sabem bem o que era ter medo constante de que à mesa do café alguém ouvisse uma opinião diferente da “opinião oficial”. Não sabem o que era reunir amigos às escondidas para ouvir discos de certos cantores banidos. Não sabem o que é ter de esperar meses para ocupar um cargo de chefia até que houvesse o aval da polícia política. Não sabem o que era ser denunciado por pessoas da elite de então às autoridades por ter manifestado algo que fizesse diferença ou contrariasse as opiniões do regime. E não sabem o que era ser interrogado por essa polícia se fosse por ela privado da sua liberdade. Não sabem o que era escrever para qualquer jornal da época, escrever ou dirigir um jornal como era o meu caso, e ver as provas amputadas de artigos inteiros ou dum ou outro parágrafo por ser considerado divergente da tal opinião oficial.

Só sabe o que é a liberdade quem estava proibido de se reunir, de ter opinião própria ou manifestar-se contra alguma medida pelo governo de então. E quem viveu o delírio daqueles dias até ao 1º de Maio – data sempre reprimida – com o povo a toda a largura das ruas, de braço dado, sem olhar a qualquer diferença social. Eram muitas filas, uma enchente de pessoas – era o povo – cantando e percorrendo toda a cidade.  E em Lisboa com o povo reunido num estádio apinhado para ouvir os políticos que estavam deportados fora do País e haviam regressado. E no ar helicópteros lançavam cravos vermelhos sobre a multidão – era fascinante uma revolução assim, para espanto do mundo. Naqueles dias a vida do País ainda não estava inquinada pelos joguinhos políticos ou por quaisquer poderes!

Ora, agora, 47anos passados, quarenta e sete anos de vivência em democracia – e debaixo do efeito arrasador duma pandemia – novos atores entraram na política, novas correntes de opinião se entrecruzam, novos vícios apareceram em força e turvam o ambiente político do nosso País e temos a noção de que a própria democracia está em crise. E tudo isso, todas essas nuvens, turvaram as comemorações deste 25 de Abril.

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Por força da pandemia, até a nossa liberdade teve de ser condicionada o que tem provocado protestos por causa dos confinamentos, medida essencial para conter a pandemia até que a vacinação atinja números que nos mostrem uma imunidade de grupo que por ora ninguém sabe quanto tempo pode durar dado que o vírus sofre mutações que perturbam os planos da Saúde Pública.

Estamos a lutar agora com um “tirano” bem diferente daquele que os capitães de Abril tiveram de enfrentar.

Mas, não ponham a liberdade em questão pois é um bem que até (para os crentes) é preservado pelo próprio Deus!

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