23 Abril 2024, Terça-feira
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O Serviço Nacional de Saúde

O nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) foi uma das maiores conquista do “25 de Abril” e se alguém duvidava desta afirmação, a pandemia que nos envolve veio demonstrar que esta afirmação é correta.  Com o SNS criaram-se três carreiras médicas – os Cuidados Primário de Saúde com a carreira de medicina Familiar, uma carreira de Saúde Pública que a pandemia veio demonstrar a sua utilidade, e os Cuidados Secundários com a carreira Hospitalar, o verdadeiro coração do sistema de saúde. Os hospitais foram sempre o que as populações identificavam com a Medicina pois neles se refletiam os efeitos dos avanços tecnológicos e dos avanços da cirurgia com os transplantes e a cirurgia reparadora. Os Cuidados Primários foram sempre o parente pobre dum sistema de saúde e no entanto eram os clínicos gerais, depois médicos de família, que resolviam oitenta por cento dos problemas da população. Esquecendo esta realidade, os hospitais com a sua tecnologia eram a imagem da medicina para o público. Por exemplo, não havia telenovela que que não mostrasse uma unidade de cuidados intensivos com muitos tubos escorrendo para as veias do paciente e aparelhos com luzes a piscandp e sinais sonoros quebrando o silêncio dum quarto. Não quero desvalorizar os hospitais e a sua tenologia, agora tendo a sua importância decisiva no tratamento dos doentes graves desta pandemia – contam-se a todo o momento quantas camas existem nos cuidados intensivos de cada hospital do país.  Mesmo nesta excecional situação pandémica, sabemos que a “saúde pública” é essencial para detetar as cadeias de contágio e assim impedir que os contágios se expandam. E não podemos esquecer igualmente que a maioria dos infetados que, felizmente, necessitam de internamento e são acompanhados nas enfermarias e ainda mais nos seus domicílios, pelos médicos dos cuidados primários sempre esquecidos pelos meios de informação.

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Ora, os Centros de Saúde com os médicos de família, sairão desta pandemia completamente alterados e com a sua estrutura desfeita – perdem a sua independência e a relação médico/paciente praticamente esquecida. O cerne da Medicina de Familia é precisamente esta relação marcada por uma relação de afeto e pela integração do paciente no seu meio familiar e social. Trata-se duma consequência da situação que estamos vivendo de que pouco se fala mas que trará muitos dissabores na pós pandemia, aos médicos e à população ferida por outras consequências como pobreza, desemprego e “Lutos” da perda de entes queridos. Teremos uma imensidão de pessoas alteradas na sua maneira de ser e de encarar a vida, pessoas deprimidas, com conflitos familiares saídos dos longos períodos de confinamento a necessitarem mais do que nunca de médicos que os ouçam e os ajudem a ultrapassar tantos traumas. Teremos jovens e velhos igualmente alterados psiquicamente pelas consequências dos isolamentos, do uso continuado de máscaras e dum afastamento dos “outros” olhados como potenciais portadores de doença. E não podemos esquecer que teremos médicos igualmente perturbados pelas mesmas razões e pelo cansaço dum período tão longo e tão intenso, lidando com a vida dos seus pacientes.

E não esqueçamos que esta situação se vai manter ainda por tempo indeterminado pois os efeitos protetores das vacinas se sentirão  apenas lá para 2022 – até lá quantos lutos e quantos problemas de saúde e sociais ! Entraremos num período que necessita essencialmente dos “cuidados Primários de Saúde” e dos verdadeiros “Médicos de Família”

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