29 Março 2024, Sexta-feira
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O povo, os populismos e as eleições

Já nesta coluna de opinião tenho dito que a pandemia que nos assola cada vez com mais intensidade pode e deve ser aproveitada como uma oportunidade para construirmos sobre os escombros resultantes dos tremendos efeitos que a pandemia – para alem dos gravíssimos efeitos na saúde – tem provocado na economia e na organização social. Basta estar atentos aos problemas do desemprego e das falências que aumentam e ameaçam aumentar semana a semana por causa das medidas de confinamento absolutamente necessárias para tentar travar a progressão galopante da doença – em todos os países e, infelizmente, com mais intensidade entre nós. O ambiente social e as mentalidades das pessoas estão havidas de mudança. Mas os meios de comunicação social – clássicos e das modernas tecnologias – começam a por a nú os defeitos da sociedade em que vivíamos e continuamos a viver, como seja a inaptidão para acabar com a pobresa e a facilidade com que se excluem os mais fracos para as periferias ou ainda o verdadeiro abandono a que se votam os idosos que deixaram de ser produtivos e passaram a ser seres “pesados” socialmente. Desta crise sairemos piores ou melhores mas nunca iguais – há pois que aproveitar a encruzilhada em que nos iremos meter para começar construindo uma sociedade nova pondo a tónica precisamente nos excluídos e nos mais pobres. É necessário dar a voz aos mais novos que veem o seu futuro ameaçado e tentar uma verdadeira mudança interior das pessoas, tentar renovar os objetivos de vida e os meios utilizados para tais mudanças sempre baseadas na fraternidade e no respeito pela dignidade da pessoa. Tal verdadeira “conversão” que terá de por o povo no centro da ação político-social é bem diferente do populismo que anda com frequência na boca dos nossos políticos atuais, populismos que são uma verdadeira mistificação, que não são um verdadeiro esforço para colocar o povo na condução das mudanças necessárias à construção duma sociedade fraterna.

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Nesta necessária “revolução” têm os que se dizem cristãos, de ter uma participação ativa – e assim pensa o nosso atual Papa Francisco que começa mesmo a tentar que a Igreja seja a primeira a dar o exemplo e a protagonizar tal mudança. Assim Ele nas suas palavras e nos seus escritos vem desmontando toda a rigidez da pirâmide hierárquica, lutando contra o clericalismo, pedindo uma “igreja em saída”, uma igreja “hospital de campanha”, lembrando continuamente que o Caminho vivido por Cristo é o caminho que devemos seguir em todas as circunstâncias- o caminho da fraternidade e da centralidade do povo. E insiste em que o AMOR oriente toda a vida de todas as pessoas e que o “ser cristão” seja sempre um “viver como Cristo”. Preconiza para tal uma política baseada nos movimentos populares, numa verdadeira Democracia,, sempre com os olhos no bem comum. Francisco apoia a sinodalidade, sempre se intitula Bispo de Roma e não Papa, desde sempre deixou os aposentos de Papa no Vaticano para significar que é “um como os outros” sendo um sinal entre muitos de que os bispos e todos os sacerdotes devem viver como as ovelhas do seu rebanho.

É tempo de, em plena pandemia com todos os seus problemas, mais do que em tempos banais, os cristãos sejam exemplo e força de mudança para uma sociedade que teremos de construir sobre as ruínas desta sociedade podre agora profundamente abalada pela “covid 19”.

É tarefa para cristãos e para todos os homens de boa vontade e que tenham bem viva as suas obrigações de cidadania – e para tal é necessário votar nas eleições que se avizinham.

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