25 Abril 2024, Quinta-feira
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Os “bandidos” de André Ventura

André Ventura, consultor de grandes empresas financeiras, deputado e candidato à Presidência da República teima em dividir os Portugueses entre “bandidos” e “pessoas de bem”. Obviamente, inclui-se no segundo grupo. Autoproclama-se porta voz e defensor das pessoas de bem contra os vis “bandidos” subsídio dependentes.

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Este discurso, que Ventura repete à exaustão no Parlamento, nas redes sociais e nos debates entre candidatos à Presidência da República, não é novo e já foi ensaiado por Paulo Portas que levou a cabo o maior ataque ao Rendimento Mínimo Garantido e aos mais pobres dos mais pobres. Ventura quer superá-lo.

E quem são estes bandidos de André Ventura? Quem ele decide, obviamente. Imbuído do delírio de que é o escolhido de Deus na terra para “mudar isto tudo”, elege como alvo todos os imigrantes e portugueses que vivam em bairros sociais. Viver em bairros sociais é sinónimo de benefício e privilégio à custa dos portugueses que trabalham. “Bandidos” são também todos os ciganos e ciganas porque não trabalham e vivem à custa dos “portugueses de bem”. Por fim, “bandidos” são ainda todos os beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI), independentemente da esmagadora maioria destes beneficiários serem idosos, crianças e mesmo pessoas com deficiência.

Fica claro que para Ventura, os idosos que começaram a trabalhar aos 10 anos, quase como escravos, numa ditadura a que este charlatão que voltar, as mulheres que tantas vezes ficaram em casa com os filhos ou a trabalhar no campo para autossubsistência, os beneficiários da pensão social de velhice, são subsídio dependentes e logo, uns bandidos.
Quem sai dos bairros sociais às 4 ou 5 da manhã para lhe limpar o gabinete na Assembleia da República ou para fazer a recolha do lixo que ele também produz, são uns beneficiados porque vivem em bairros sociais. Vivem de privilégios.

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Quem vê todas as portas serem-lhes fechadas quando procura emprego, porque convenhamos, ninguém neste país acredita verdadeiramente que um cigano ou cigana consiga trabalho seja em que setor for, é um bandido que não quer é trabalhar.

Ventura, coloca tudo no mesmo saco, baralha, e num discurso básico e sofrível, destila ódio, imprime divisões, coloca uns contra os outros. Ao mesmo tempo que se promove como mensageiro de Deus, desafia e espezinha os valores mais basilares da doutrina cristã, de solidariedade, de defesa dos mais pobres, dos excluídos, dos mais necessitados.
Os “bandidos” de André Ventura são as gentes que fazem este país. Podemos vir a ser cada um de nós em qualquer momento.

No Bloco de Esquerda não queremos um país onde idosos, porque viveram num período diferente e não têm descontos são tratados como subsídio dependentes, onde famílias inteiras vivem em barracas ou em bairros sociais sem quaisquer condições e são tratadas como bandidos, em que os mais pobres dos mais pobres são tratados como privilegiados porque recebem o Rendimento Social de Inserção. Onde quem tem uma cor de pele ou etnia diferente da maioria é excluída e enxotada. Não queremos um país onde “Venturas” ajudem a esconder dinheiro de uns em offshores enquanto outros passem fome e morrem ao frio.

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Por isso, não queremos um Presidente cheio de si mesmo e do ódio que acumula, mesquinho, vil, que divide, instiga à exclusão e à violência. Estamos certos de que a esmagadora maioria dos Portugueses e Portuguesas, cristãos ou não cristãos, não se reveem, nem nesse país miserável nem nesse presidente odiável.

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