25 Abril 2024, Quinta-feira
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Memória, Orgulho, Militância

A 22 de Dezembro passado, João Ferreira, candidato comunista à Presidência da República, esteve cedo – às 7h00, ou seja às 7 da manhã – nos Estaleiros da Lisnave-Mitrena, ex-Setenave – em contacto com os trabalhadores, e de seguida marcou presença no Convento de Jesus e no Museu do Trabalho Michel Giacometti, na cidade de Setúbal. Tudo descrito no Avante! de 30 de Dezembro, o percurso final de ano levou-o nesta quarta-feira até à Fortaleza de Peniche, onde se insere, pedra dura, o Museu Nacional Resistência e Liberdade, conforme anunciavam as páginas inapagáveis da “Agenda” do semanário (eis um convite à curiosidade).

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Vingava o governo de Durão, o promissor do de Santana Lopes (ironia do destino), e eis que o Presidente da República então em exercício, Jorge Sampaio, participou, decorriam as Comemorações do 30º Aniversário do 25 de Abril, numa visita ao Forte daquela histórica terra. Foi rodeado de “bandos de miúdos da escola” e teve a acompanhá-lo um outro dirigente do PCP, Jaime Serra, que relatou ao pormenor a espectacular fuga daquelas mesmas muralhas, a de 3 de Janeiro de 1960, protagonizada por ele próprio e ainda Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes, Carlos Costa, Francisco Miguel, Pedro Soares, Rogério de Carvalho, Guilherme Carvalho e José Carlos. Na Visão de 29 de Abril, num texto de Ana Margarida Carvalho, “Jaime Serra relembra como tudo aconteceu naquela noite em que fugiram dez. Meses a fio a planear a evasão em massa, com a ajuda do exterior. A travessia debaixo do capote de um guarda, conquistado para a causa por Joaquim Gomes.

O carro, de Rogério Paulo, de capô levantado, que apareceu a dar o sinal no largo. O muro e as duas muralhas que foram vencidos com alguns percalços… Atrás dos fugitivos ficou um guarda narcotizado, muitos presos que haveriam de experimentar o mais infernal regime prisional das suas vidas, e os acordes da Sinfonia Patética de Tchaykovsky, a soar no gira-disco. Um dos miúdos que escuta toda a narrativa da fuga comenta: “É preciso ser esperto.” – ao que Jaime Serra contrapôs (um termo pesado, talvez, mas é nosso), em final de texto: “Não. É preciso ser preso!”

Estamos a escrever fixados naquela deslocação de 30, porquanto nela João Ferreira recebeu a apoio expresso de 170 resistentes antifascistas que as prisões de Salazar e Caetano encarceraram, 170 bem vivos, dos nossos dias – entre os quais Jaime Serra (joaoferreira2021.pt)

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O PCP não foi exactamente o Partido que o fascismo “ilegalizou”, o PCP foi o Partido que para melhor combater a ditadura decidiu passar à clandestinidade – disse uma vez, a 17 de Dezembro de 1999, no Grupo Desportivo Recreativo Airense (Palmela), António Dias Lourenço, já falecido, outro à sua maneira fugitivo do Forte. E assim foi envolvido pelo momentâneo silêncio que ele próprio provocara numa casa cheia, onde todos ou quase todos os rostos, de certo modo com aquela marca do encantamento provocado, esse, por Jaime Serra, deixaram trair uma espécie de perplexidade: “Dito assim, nunca tínhamos pensado nisso!”

Há um candidato às eleições de 24 próximo orgulhoso, assim o disse, desta Memória, porque dela faz militância.

Valdemar Santos
Militante do PCP
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