19 Abril 2024, Sexta-feira
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Dom Manuel Martins

Foi com alegria que tomei conhecimento da inauguração duma estátua do nosso primeiro Bispo com a presença da nossa Presidente da Câmara e do nosso atual Bispo, o Sr. D. José Ornelas. Era uma homenagem que tardava  á pessoa excecional que foi D. Manuel Martins e, com esta inauguração marcar igualmente a criação da nossa Diocese.

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A nossa Diocese foi preparada pelo Cónego João Alves (depois Bispo de Coimbra) – preparada pois a nossa região era verdadeira terra de missão onde a fração do “povo de Deus” desta região era uma minoria no meio duma população fortemente politizada,  assolada pelo desemprego, pela pobreza e por várias tentativas frustradas de aqui estabelecer alguma indústria.  Alem disso nos cristãos da região existia algum mal estar entre os mais tradicionalistas e um pequeno grupo que ansiava mudar o “ser cristão”.  Para esse grupo minoritário foi uma verdadeira bênção a chegada de D. Manuel Martins. Foi recebido com fortes suspeitas por ser proveniente do Norte considerado por aqui como mais conservador. Afinal D. Manuel rapidamente  se impôs na cidade pela sua presença junto dos mais pobres. E depois por se manifestar o primeiro na defesa dessas periferias da sociedade entrando sem receios numa posição de confronto até com o poder político em exercício. D. Manuel foi inclusivamente apelidado de “Bispo vermelho” por essa posição de apoio aos mais pobres e marginalizados. Até durante o seu magistério aqui veio um outro “bispo vermelho” das Americas latina – D. Helder Câmara,   Os ventos fortes do Concílio Vaticano II pouco tinham tido efeito  entre nós ainda sob um regime ditatorial cuja censura não permitia comentários aos documentos  conciliares – bem o senti pois nessa época dirigia o jornal da nossa Igreja – o “Notícias de Setúbal”. A atuação de D.Manuel era verdadeiramente de “uma Igreja em saída” como hoje nos pede o nosso Papa Francisco. D. Manuel era assim um exemplo duma Igreja como atualmente nos pede o Bispo de Roma.   Depois da sua saída de Setúbal ficou uma bela amizade que se consubstanciava num contato epistolar frequente onde se via que continuava bem crítico da nossa Igreja cristalizada. Na  nossa relação epistolar respigo, por exemplo, esta frase : : “Quanto caminho para andar! E andamos pelo melhor? Aflige-me o fogo de artifício… Esta Igreja é a nossa e que amamos precisa de um terramoto !” .   D .Manuel foi assim um exemplo para o povo de Setúbal e por isso ao ver a nossa Presidente da Câmara (D. Maria das Dores Meira)  nesta homenagem a D. Manuel sentimos um verdadeiro agradecimento da cidade ao exemplo de vida consagrada do nosso primeiro Bispo. E foram acautelados alguns pormenores ao colocar a estátua de D. Manuel como que saindo da Sé e dirigindo-se para o meio das gentes…e de braços acolhedores!

Vários anos se passaram, aqui temos o nosso terceiro Bispo , agora Presidente da Assembleia Episcopal, tendo por isso, para alem de continuar na renovação da nossa Diocese, tem uma enorme tarefa de fazer sentir na Igreja Nacional, com as suas varias Dioceses, a verdadeira revolução que Francisco está fazendo para por de pé uma” Igreja pobre para os pobres”, menos hierarquizada e mais fraterna num mundo assolado pela pandemia da covid19, onde deve aparecer uma Igreja que se não deixe afastar do “outro” – nosso irmão. E que aproveite esta situação como uma oportunidade de mudança  para construir uma sociedade mais solidária e mais fraterna – uma árdua tarefa para todo o Povo de Deus e seus “Pastores”. Como há anos dizia D. Manuel “uma Igreja que necessita dum Terramoto” para dos escombros se construir uma sociedade nova!

 

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