20 Abril 2024, Sábado
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Saúde mental no trabalho: missão impossível?

Quem nunca se sentiu assoberbado pelas exigências laborais que parecem imensas perante as suas capacidades, recursos e tempo disponível? Quem nunca se sentiu desmotivado perante as tarefas que parecem ficar aquém das expectativas ou uma possível promoção ou aumento de salário que nunca acontecem? O pouco controlo sobre as tarefas e a forma de as realizar, o sentimento de pouco ou nenhum apoio dos colegas ou dos superiores hierárquicos, o receio de ser despedido, as más relações com os colegas… a lista de factores que nos podem causar uma resposta emocional negativa no ambiente de trabalho é tão extensa quanto variada. E, aparentemente, considerada normal e levada pouco a sério.

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Já em 2013, segundo um estudo da European Agency for Safety and Health at Work, os trabalhadores portugueses consideravam o stresse relacionado com o trabalho “muito comum”, com uma percentagem de 28%, quase o dobro da média europeia.

Por outro lado, sabemos que a nossa actividade profissional acaba por ocupar uma larga fatia do nosso dia, muitas vezes extrapolando o dito horário de trabalho, numa dinâmica com a vida pessoal que não é a mais desejável nem a mais equilibrada. A título de exemplo, segundo o PORDATA, a média de horas trabalhadas por semana na União Europeia situa-se nas 31,3 e no nosso país o valor sobe para as 35,9. Estes dados de 2019 serão com certeza diferentes neste ano atípico de 2020, em que a pandemia causada pela Covid-19, além de ter alterado substancialmente as condições de trabalho – ao nível da organização de tarefas, locais de trabalho e horários, adaptação ao teletrabalho, por exemplo -, veio agravar situações de depressão, ansiedade e stresse que já vinham a ser identificadas na população portuguesa.

De facto, Portugal é um dos países com maior taxa de perturbações psicológicas, estimando-se que 1 em cada 5 portugueses têm um problema de saúde mental. É, por isso, inevitável que em grande parte das organizações existam trabalhadores nesta situação. De forma ainda mais premente, a saúde da população, a conciliação entre vida profissional, familiar e pessoal, os riscos psicossociais e, diria mesmo, a coesão social, estão a ser postos à prova e merecem toda a nossa atenção.

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Mais do que nunca importa reforçar a legislação em matéria de saúde e segurança no trabalho, avaliando a saúde psicológica dos trabalhadores em contexto laboral. Penso ser de enorme relevância a criação da figura do Psicólogo do Trabalho, com carácter obrigatório para grandes empresas como é prática comum noutros países. Desta forma, há um acompanhamento especializado nesta matéria e as evidências científicas comprovam que realizar acções para prevenir as causas do stresse ocupacional, intervir nos problemas de saúde psicológica e promover a saúde psicológica no local de trabalho pode não só reduzir os custos, mas também traduzir-se num conjunto de benefícios, quer para os colaboradores quer para as organizações.

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