28 Março 2024, Quinta-feira
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O idaismo

Há tempos convidaram-me para ir fazer uma palestra sobre o “idaismo”. Como era meu hábito sempre aceitei falar sobre temas importantes onde a minha condição de médico e cristão me desse oportunidade de contribuir para o bem do próximo. Mas confesso que o tema que me pediram para desenvolver era para mim totalmente desconhecido.

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Tive portanto que estudar o assunto. Depois de algumas pesquisas, afinal o idaismo significava a “descriminação geracional”, isto é a “atitude preconceituosa e discriminatória das pessoas de idade”. Ora nada mais atual do que falarmos sobre o idaismo quando , em plena pandemia temos os noticiários cheios de casos de covid19 em lares. Há muito que sabemos que a nossa sociedade atual está a desequilibrar-se pela fraca natalidade e o aumento de pessoas que sobrevivem cada vez mais anos.

Entre nós cada mulher tem um índice de natalidade que se fica por “um virgula qualquer coisa” diminuindo os nascimentos para repor a mortalidade.

Entretanto o desejo de cada pessoa é querer viver cada vez mais anos com a ajuda dos progressos da ciência médica e dos meios sanitários (longe vai o tempo em que os esgotos não eram tratados , nem a água de consumo público) . Tudo isto tem tido como consequência um acentuado envelhecimento da sociedade.

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E como vivemos numa sociedade que produz muito mas não destribue como deve ser, estamos com este paradoxo ( e não é só cá no nosso Portugal!) : cresce a pobreza e……os milionários !!!. E em boa verdade os idosos cada vez em maior número são um peso económico para as famílias e para quem governa o país.

Vem este arrazoado pseudo científico por causa da pandemia e dos problemas que surgiram por todo o país com as morte pela covid19 acontecendo por esse país fora. O país está cheio de lares oficiais ou clandestinos de que nem todos estávamos conscientes da sua existência – e o problema é que veio ao de cima o tal “idaismo”.

Quando sairmos desta situação pandémica (e não sabemos quando), os idosos que eram amontoados e tratados sem um mínimo de cuidado e dignidade que merece quem já deu o seu contributo durante muitos anos para a sociedade, não pode continuar. E como tudo no regime em que vivemos também as pessoas são consideradas e avaliadas pela sua capacidade de produzir, os idosos (uns reformados legalmente, outros nem isso) são elementos descartáveis – um peso para os casais e um peso para os governos, em geral ao serviço do grande capital. Felizmente que há exceções!

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Mas a realidade é que foi o coronavírus que se espalhou pelo no nosso habitat e pelo mundo todo que veio trazer para o debate, pondo a descoberto o tal desprezo, o tal “idaismo” que reina no nosso mundo ocidental, este problema dos seniores. Lá para o Oriente e até no interior de África consideram os idosos com mais consideração e respeito que neste ocidente dito civilizado.

Muito a propósito saiu à luz do dia uma “Enciclica” do Papa Francisco que encaminha os seguidores de Cristo para lutarem por uma sociedade justa em que se encaminhe a vida para que não haja pobres nem proscritos por outras razões. É evidente que os cristãos, não apenas de nome, mas vivendo o amor, miolo da mensagem que Cristo deixou e segundo o qual viveu, têm de ter “uma dimensão política” desse amor. Isto é têm de pensar no “povo de Deus” total e não apenas no “seu pobrezinho” a quem dão uma ajuda. Quem tem orientações de qualquer religião (o Deus é só um!) tem a obrigação de impedir que o pós pandemia seja igual, e que a “nova normalidade” de que se começa a falar, seja realmente nova.

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