16 Abril 2024, Terça-feira
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Os recorrentes incêndios e o saque no Alentejo

O Verão despediu-se com um enorme incêndio florestal que teve origem no concelho de Proença-a-Nova, alastrando depois aos da Sertã e Castelo Branco. Mais uns largos milhares de hectares, cuja fauna e flora, foram reduzidas a cinzas. Mais uma região transformada em paisagem dantesca.

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Toda a gente sabe quais as soluções para evitar, ou pelo menos minimizar, tão grave e recorrente problema: ordenamento territorial, diversificação de espécies florestais,outros tipos de agricultura, penas mais pesadas para os incendiários. E assim se mantinham serviços públicos e se evitava a desertificação do interior. Tarda implementar tais medidas. As imposições da Política Agrícola Comum da União Europeia, e a aceitação das mesmas por quem alternadamente, há tantos anos, governa este país, falam mais alto.

Mais a sul, no Alentejo, outro gravíssimo problema. Este, bem mais silencioso e silenciado. Se no centro e no norte, são os incêndios, aqui, já em 20 concelhos dos distritos de Beja, Évora, Portalegre e Setúbal, são as nefastas consequências das culturas intensivas e superintensivas do olival, amendoal e vinha.

Grande parte da água do Alqueva e de outras albufeiras, destina-se a estas monoculturas. Além disso, para conseguirem as maiores produções possíveis, são utilizadas quantidades enormes de pesticidas e fertilizantes que vão contaminar os solos e lençóis freáticos. Até os ecossistemas são alterados com a redução de espécies. Por exemplo, na apanha mecanizada noturna da azeitona, são mortos milhares de pássaros. As aves pousadas a dormir nas oliveiras, são encadeadas e sugadas.

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Outro problema, é a poluição que gera o tratamento das quantidades enormes do bagaço da azeitona.

A pouca mão-de-obra é sazonal, exercida maioritariamente por imigrantes mal pagos que pouca influência económica tem na região. E, ao contrário dos coloridos necessários e inocentes passarinhos, o grosso capital gerado por esta tão nefasta atividade, voa para o estrangeiro, uma vez que os detentores das explorações são, sobretudo, espanhóis e israelitas.

Dizer ainda que as oliveiras tradicionais duram séculos, praticamente não necessitam de rega e, ao contrário das outras, produzem azeite de alta qualidade. Estas, em média, não chegam a durar 20 anos. Mais um fator a contribuir para o esgotamento dos solos.
Só na área de influência do Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva (EFMA), dos 120.000 hectares concluídos em 2016, 53% é ocupado por estas monoculturas, sobretudo pelo olival. E com tendência para aumentar. Ou seja, o Alentejo que já foi o celeiro, agora é o olival “envenenado” da nação.

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O PCP, o PEV e algumas organizações ecologistas têm divulgado este atentado ambiental, mas os media dominantes, omitem-no. O primeiro partido referido, já apresentou na AR um Projecto de Resolução e um Projecto de Lei, para alterar, corrigir e condicionar a evolução de tais culturas, ambos os documentos foram chumbados pelos partidos da direta e pelo PS.

Francisco Ramalho
Professor, Corroios
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