20 Abril 2024, Sábado
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Parto: um momento memorável no melhor dos sentidos

Na Lei Portuguesa, e de acordo com as orientações da Organização Mundial de Saúde, são reconhecidos direitos à mulher na gravidez, parto e pós-parto. Entre outros, é reconhecido o direito è informação, ao consentimento informado, ou à recusa informada, e o respeito pelas suas escolhas e preferências.

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Apesar disso, não é raro o relato de mulheres que além de não se sentirem respeitadas nas suas escolhas, são vítimas de violência obstétrica. Também é verdade que muitas mulheres não conhecem os seus direitos e nem sempre os profissionais de saúde que as acompanham têm o cuidado de as esclarecer se a tal não forem solicitados. Assim, ao invés da mulher ter e exercer o poder de decidir como quer viver este momento da sua história pessoal, passa a entregar essa decisão a terceiros.

O momento do parto, maioritariamente em cenário hospitalar, é a continuação dessa cedência do papel principal da mulher. Quem dirige as operações são os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos que, ainda que competentes na sua área e tendo em conta o primordial interesse da mulher e do bebé, não têm a capacidade nem a função de se envolverem para lá de certo ponto. E, sejamos honestos, um hospital será sempre um hospital, por norma um local que queremos a todo o custo evitar! Sentimento esse agravado pelas circunstâncias que actualmente vivemos, em que a Covid-19 é uma ameaça constante.

Pessoalmente, penso que este cenário não é de todo o ideal para se ter um bebé. Sobretudo quando em presença de uma gravidez tranquila, que tudo indica irá terminar num parto normal, sem complicações. É aqui que surge o conceito de Casa de Parto, já implementado com muito sucesso em diversos países. Trata-se de um local onde as mulheres podem ter o seu bebé quase como em casa, num cenário mais aconchegante, rodeadas pela família e acompanhadas por profissionais de saúde altamente especializados: os enfermeiros parteiros. Aí, as equipas de acompanhamento convidam a experienciar o parto como um processo fisiológico absolutamente normal, no qual a mulher e o bébe são os actores principais.

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É certo que podem existir complicações. E nesse caso, apenas nesse caso, recorre-se à intervenção médica ou à deslocação da parturiente para o hospital. Mas recorde-se o caso de Vânia Graúdo que morreu na sequência de complicações do parto, no início do mês passado, no Hospital de S. Bernardo. É prova de que dar à luz numa unidade hospitalar não afasta a possibilidade de um desfecho menos feliz! Aliás, desde 2017, têm aumentado as mortes devido a complicações durante a gravidez, parto e pós-parto, sem que a Direcção Geral de Saúde – a averiguar caso a caso, segundo informou no final de 2019 – consiga perceber porquê.

E talvez parte da solução esteja de facto nas Casas de Parto. Uma vez as mulheres com gravidezes de baixo risco para lá encaminhadas, ficam os médicos mais libertos para acompanhar os casos que realmente necessitam da sua intervenção. E ficam estas mulheres mais libertas para viver esta etapa das suas histórias de forma mais memorável, no melhor dos sentidos.

 

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