19 Abril 2024, Sexta-feira
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‘Para que um dia todos possam ser não racistas, hoje temos de ser anti-racistas’

Esta foi uma das frases que marcou as últimas semanas. Concordo com ela.
A brutalidade da intervenção policial acabou por matar George Floyd, em Minnesota, indignando muitas pessoas nos Estados Unidos, em Portugal e um pouco por todo o mundo. Este acontecimento trágico (mais um) conduziu a um conjunto de manifestações, com multidões a gritarem palavras de ordem pelo fim da discriminação. Floyd, morreu no dia 25 de maio, nas mãos de um brutamontes. Para a história ficam as imagens, e a última frase proferida por Floyd “não consigo respirar”.

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O mundo ficou chocado, uma vez mais, com a violência de um assassino racista.
Umas semanas mais tarde, novos protestos aconteceram em Atlanta pela morte de um jovem afro-americano, de seu nome Brooks, vítima também da violência policial.
Estes são os casos de violência racista que nos chegam pela comunicação social. De pessoas que sofrem na pele, a ignorância de outros. Faltam todos os outros.

Em Portugal, em 2000, foram dez os jovens negros mortos pela polícia. As circunstâncias em que estes crimes aconteceram, estão por apurar. Em 2015, vários jovens, também negros, foram torturados, injuriados e humilhados por forças policiais, no bairro da Cova da Moura, em Alfragide. No início de 2020, uma jovem, negra, foi agredida violentamente, também pelas forças policiais. Felizmente, existem policias que não se revêm nesta conduta deplorável. E por isso, não generalizemos. Estamos a falar de pessoas que têm de ser punidas, porque cometeram crimes e intentaram contra a dignidade humana, abusando do poder, e obviamente, afastadas das funções que desempenham e que, certamente, envergonham toda uma classe.

Recordo ainda, o assassinato há 23 anos de Alcino Monteiro, no dia dez de junho, espancado até à morte por um grupo de skinheads. E de tantos outros casos.
Dos processos instaurados pela Comissão pela Igualdade e Contra a Discriminação Racial, entre 2006 e 2016, 80% foram arquivados.

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O parlamento português recomendou ao governo a adoção de medidas de combate ao racismo. E bem. É preciso fazer-se mais. A discriminação racial afeta demasiadas vidas e nega o acesso a direitos fundamentais de muitas pessoas, em Portugal. É preciso reforçarem as políticas públicas de combate à discriminação racial.

As notícias de barbaridades cometidas em nome de uma prepotência ignóbil chocam-nos, e comentamos, e revisitamos as imagens que nos chegam. Mas, precisamos de fazer mais. Estarmos mais atentos. Fazermos do combate à discriminação racista, e a outras formas de discriminação, uma luta diária. Insurgirmo-nos. Inquietarmo-nos. Sermos anti-racistas, ou seja, entendermos que o racismo é um problema de todos, e que todos temos um papel a desempenhar, no seu combate. O futuro. Agora.

“Numa sociedade racista, não basta não ser racista, temos de ser anti-racista”, a frase é da filósofa norte americana Angela Davis. Negra, mulher, ativista, marxista, feminista, que lutou e se tornou o símbolo da causa negra, na década de 60, nos EUA.

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