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A peste do século XIV

A peste do século XIV

A peste do século XIV

28 Maio 2020, Quinta-feira
Francisco Cantanhede

A peste era uma doença muito contagiosa e muito mortífera, daí ser, talvez, a mais temida. A peste negra do século XIV teve origem na Ásia central e rapidamente se espalhou por quase toda a Europa. Os navios dos comerciantes traziam ratos infetados que transportavam pulgas, e estas transmitiam a doença às pessoas O contágio direto entre os seres humanos, através da respiração, das secreções e das roupas, era muito rápido e quase sempre fatal. Os doentes eram afetados com febres muito altas, infeção nos pulmões, vómitos com sangue e inchaços nas virilhas e debaixo dos braços, que rapidamente ficavam negros – de onde vem o nome de peste negra. A doença terá matado cerca de um terço da população europeia.

Como não havia cura para a peste negra, cada um tomava as medidas que julgava serem as melhores. Acreditava-se que a doença seria um castigo de Deus. Assim, em tempos de peste, as confissões e as rezas multiplicavam-se. Como os padres faziam os funerais dos cadáveres contaminados, rapidamente ficavam doentes, transmitindo a doença a muitas outras pessoas. Os Judeus, habitualmente perseguidos por não serem cristãos, eram muitas vezes responsabilizados pela chegada da peste, sendo perseguidos e, por vezes, mortos. O termo quarentena terá surgido associado à peste, na cidade de Veneza, no século XVII. Embora no Antigo Testamento já se faça referência a práticas de isolamento de doentes e de suspeitos de estarem infetados, terá sido na cidade italiana, grande centro comercial de ligação entre o Oriente e o Ocidente, que foi imposto o período de isolamento de 40 dias a todas as pessoas que chegassem de barco a Veneza. Assim, terá nascido a palavra quarentena que ainda hoje é usada mesmo que aplicada a outros períodos temporais.

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Para tratar a doença existiam algumas «mezinhas» como o sangue de texugo misturado com vinho, devendo o doente tomar a mistura. Era também recomendado, por exemplo, que se bebesse grande quantidade de vinagre, que não se ingerissem doces e que se comesse cabrito assado, frango e algum peixe, mas com moderação. As casas deviam ser desinfetadas com água e vinagre, mistura também usada para lavar as mãos e a cara frequentemente; já o banho era desaconselhado. Para se protegerem, os médicos usavam roupa de cabedal preta e uma máscara com forma de bico de pássaro, cheia de ervas aromáticas.

Evitar os ajuntamentos e os contactos diretos com pessoas também faziam parte das medidas aconselhadas. Os reis e os mais ricos, logo que a peste surgia na cidade, fugiam para as suas propriedades nos campos.

Pois é, caro leitor, tão longe no tempo, mas com permanências no presente. É a História, ciência que estuda a ação dos seres humanos no espaço e no tempo, no passado, mas sempre presente nos nossos dias.

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