28 Março 2024, Quinta-feira
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O nosso lugar

Todos nós nascemos com um propósito.
Essa história de nascer, viver e morrer é verdadeira; mas não é simplesmente assim. Na realidade, nascer, viver e morrer é só um resumo dos factos. E manter as coisas neste nível é o mesmo que dizer que um jogo de futebol é o pontapé-de-partida, o intervalo e o fim; e todos sabemos que um jogo de futebol é muito mais do que isso. E assim é com a vida.
Mesmo quando falamos dos animais – ditos – irracionais, ou das plantas; acreditam, mesmo, que eles podem ter uma vida tão insignificante como nascer, viver e morrer?
Qualquer pessoa que estude a fundo a fauna e a flora do mundo sabe que todos, e cada um dos seres, tem uma função a cumprir, um papel, uma missão. Uma missão que se torna cada vez mais ampla e complexa na mesma medida em que aumenta a complexidade celular e intelectual do Ser.
E, nesse caso, a missão do ser humano, de cada um de nós, é das mais complexas e profundas que existe.
Reparem que não disse que é a mais importante. A importância é das coisas mais relativas que há; uma coisa que é importante para mim, não o será para ti e não o será para outro amigo ou amiga tua. Poder-se-á dar, também, o caso – raro – dessa coisa ser importante para várias pessoas, mas nunca o será de igual maneira, porque todos somos diferentes e todos temos um propósito diferente; uma missão distinta.
E, assim, por que motivo a nossa missão, a do ser humano, seria mais importante do que a de outro qualquer ser?
Existem estudos que confirmam que o desaparecimento do Homem da face da Terra seria apenas isso; o nosso fim. Ao passo que o desaparecimento da Abelha traria efeitos nefastos a todo o Planeta.
E, perante isto, até poder-se-ia ser levado a pensar que a missão da Abelha é mais importante que a do Homem. E até, se ponderamos as coisas da única perspetiva possível para isso, a do ecossistema da Terra, teremos de tirar semelhante conclusão; afinal, o Homem, pouco mais faz do que extorquir o ecossistema, contaminá-lo e prejudicá-lo. E a Abelha, no mínimo, poliniza-o, leva as sementes das plantas e flores pelo mundo…
Mas isto é ter uma perspetiva limitada das coisas…
Se tudo na existência tem uma razão de ser, a existência do Homem não é exceção; ainda que tenha de ser vista noutra dimensão. E que dimensão será essa?
A evolução tecnológica tem sido muito boa, mas tem tido um efeito secundário que enfatiza um dos nossos piores traços: o egoísmo. E tem sido esse egoísmo, ao longo dos séculos de evolução, que nos tem afastado da Natureza e feito com que a desrespeitemos, simplesmente pelo facto de a ignorarmos e menosprezarmos.
O próprio princípio de que as alterações climáticas são resultado das nossas ações poluidoras – do qual discordo inteiramente; é prova disso. Acham mesmo que 7 mil milhões de pessoas têm o poder de alterar o equilíbrio de um planeta que há muitos mil milhares de anos se mantém na sua órbita, inclinado de determinada forma no seu eixo, com as suas rotinas ditadas pela Lua e pelo Sol?
Reparem como tudo o que permite a existência da Vida na Terra nos é externo.
Onde estava o Homem aquando de todas as outras alterações climáticas que ocorreram ao longo da História da Terra?
E, quando se vê as coisas assim, parece que nos tornamos irrelevantes. Talvez sejamos mesmo dispensáveis; talvez, se um dia desaparecermos, ninguém dê pela nossa falta…
Então qual é o nosso propósito de vida?
O que é que fazemos aqui?
Porque nascemos, vivemos e morremos, neste mundo – onde aparentemente não fazemos falta -, muitas vezes, como se tudo o que houvesse a fazer fosse somente nascer, viver e morrer?
E, por fim, onde está essa missão de maior complexidade e profundidade?
Eu já tirei as minhas conclusões, mas não vos quero influenciar…

PJ Vulter
Escritor do Montijo. Publicou «Marta», pela Coolbooks, em 2017. E publica regularmente no seu blog https://pjvulter.wixsite.com/pjvulter/blog.
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