20 Abril 2024, Sábado
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Há milagres em Palmela

Caro leitor, há milagres em Fátima, em especial nos dias 13. Como somos dados a fenómenos sobrenaturais, às vezes há onde não se espera, devido a santos inesperados: é o caso de Palmela, talvez devido à próxima Santa Eleição Autárquica.

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Refiro-me aos milagres da Estrada da Baixa de Palmela, com marcações no eixo central e bermas, bandas cromáticas redutoras de velocidade e zebras para peões, e da Estrada do Cemitério, igual ao anterior: estão um mimo, como se costuma dizer.

E justifica-se: para se entrar e sair de Setúbal, a Estrada da Baixa de Palmela é alternativa à N-252 e Estrada dos Ciprestes, supercongestionadas, em especial em horas de ponta. E a Estrada do Cemitério é alternativa para se entrar e sair de Palmela (pela Volta da Pedra), fugindo às saturadas N-379 e rotunda do Largo D. Maria I. Por passar junto ao Centro de Saúde, tem um trânsito muito maior do que era habitual.

Muitas autarquias fizeram-nos esquecer que estradas municipais e ruas devem ter bom piso e marcações visíveis: é bom que alguém nos faça fruir o que só existe em concelhos longínquos. Palmela parece querer redimir-se do longo período em que a prioridade foram foguetes, animação de rua e espectáculos de palco.

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Ainda incrédulo com estes milagres, eis o terceiro: o piso degradado da Estrada da Estação de Palmela foi removido e tem um grosso tapete betuminoso, pena é terem ficado de fora 50 metros até à Estação (velha): nem os buracos na curva o esticaram. Espero que o milagre chegue às marcações no eixo central e bermas, bandas cromáticas e zebras para peões: tem muito tráfego, de ligeiros e pesados, estes para a zona industrial, de logística e outros serviços da Estação de Palmela (nos dois lados da linha), Porto de Setúbal e indústrias da Mitrena. Desde 1982, em que vim para Palmela, nunca tal foi feito, nem noutras vias: só vi tapar buracos que deixam altos, e, como os buracos, estragam pneus e suspensões, provocam despistes e acidentes e causam desconforto ao circular. Acordou-se agora, tarde: mais vale tarde que nunca.

Tenho falado muitas vezes do abandono da rede viária e das consequências, não por defender o transporte privado, mas porque não merecemos dois castigos: o da opção errada dos governos na primazia ao transporte privado; o dos incómodos e prejuízos por circular em ruas e estradas de cabras, cheias buracos e altos, bermas baixas e sem marcações. Temos um grave problema, de difícil solução, em especial nas zonas urbanas, pelo elevado tráfego que prejudica a qualidade de vida, o conforto e a mobilidade, gera ruído e poluição: ao menos que a rede viária decente o minimize. O problema agravou-se a partir de 1986, quando a chuva de fundos europeus escolheu a rodovia em vez da ferrovia (nas longas e médias distâncias) e o transporte privado (nos centros urbanos). Se as autarquias não são responsáveis pelo erro funesto nem pela solução (não têm meios financeiros nem lhes cabe fazê-lo), têm, contudo, culpa por não haver debate público do tema e chamada de atenção aos governos para esta calamidade nas áreas urbanas. No transporte e na mobilidade locais, devem fazer o que lhes cabe: o Barreiro e a Moita fazem-no com os TCB.

Nesta maré de milagres, há locais onde seria muito útil haver outros:

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– nos 700 metros da estrada para o Vale de Mulatas, entre o viaduto sob a linha férrea e o viaduto sobre a Autoestrada: o piso está miserável há décadas;

– na Estrada dos Carvalhos, liga a N-379 (após a Sivipa) à N-379-2 (para a Moita), evitando a rotunda do Largo D. Maria I: o piso é miserável;

– na Estrada da Coca-Cola/Vila Amélia, e, em especial, a falta da rotunda no nó da BP (do lado da Autoeuropa);

– numa nova rotunda na Estrada da Estação, a ligar ao Colégio St. Peter’s e aos bairros do Cabeço Velhinho e das Oliveiras (traseiras do Intermarché). Ligou-se há pouco o ramal para estes bairros à Estrada da Estação (sem rotunda), mas ninguém por ali passa. Não se fez a ligação em frente, por onde passam (em ramal provisório) centenas de viaturas para o colégio e Urbanização Casas da Quinta, e também quem vai para a Autoestrada, Pinhal Novo ou Modelo/Continente, fugindo ao pandemónio da Volta da Pedra.

Não sou o caça-buracos do concelho, falo só do que conheço, por onde circulo. Outros falarão das suas zonas. Sofremos a ditadura do transporte privado, não soframos a ditadura da rede viária degradada.

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