26 Junho 2024, Quarta-feira

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Portagem sobre comboios no porto de Sines pode pôr mais 60 mil camiões nas estradas

Portagem sobre comboios no porto de Sines pode pôr mais 60 mil camiões nas estradas

Portagem sobre comboios no porto de Sines pode pôr mais 60 mil camiões nas estradas

Presidente da APEF criticou a aplicação desta taxa numa audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação

 

O director executivo da Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias (APEF), Miguel Rebelo de Sousa, apontou hoje que a aplicação de portagens sobre comboios no porto de Sines pode colocar “cerca de 50 a 60 mil camiões na estrada por ano”.

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Miguel Rebelo de Sousa remeteu para os cálculos da Administração do Porto de Sines (APS), que estima os custos para cerca de 60% do transporte ferroviário, considerando que pode “perder 40% do transporte ferroviário”.

“Se perder 40% do transporte ferroviário, isso significaria cerca de, grosso modo, dos 5.500, perder cerca de 2.200 ou 2.300 comboios one-way para a rodovia. Se pensarmos que cada comboio equivale a 30 ou a 40 camiões, estamos a pôr mais cerca de 50 a 60 mil camiões na estrada por ano”, apontou o presidente da APEF numa audição na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

Na audição, no seguimento de um requerimento do PSD sobre o tema, o presidente da APEF criticou a aplicação desta taxa – que iria aplicar-se apenas ao transporte ferroviário – junto de um sector que “tem de ser competitivo” e que acaba por ir contra o “objectivo de descarbonização dos transportes”.

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O responsável da associação que representa operadores ferroviários defendeu que o transporte ferroviário de mercadorias “contribui para a descarbonização de uma forma muito objectiva”, uma vez que, em média, “consome cerca de cinco vezes menos energia do que consome o transporte rodoviário” e emite “nove vezes menos emissões de dióxido de carbono que o transporte rodoviário”.

Assim, referiu que “não faz sentido esta taxa ser atribuída em exclusividade à ferrovia”, uma vez que um “camião que anda na estrada nacional não paga qualquer tipo de custo associado à utilização dessa infra-estrutura”.

Miguel Rebelo de Sousa teme que a aplicação desta portagem acabe por se reflectir nos consumidores, uma vez que não serão as transportadoras a absorver o aumento dos custos de operação.

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“Certamente que não ajuda nada à competitividade da economia nacional e à competitividade das exportações nacionais, porque corremos o risco também de, tendo em consideração que os operadores ferroviários não vão absorver estes custos, porque não é possível, os operadores ferroviários imputarem estes custos aos seus clientes”, alertou.

De igual forma, registou que os clientes, quando confrontados com os custos do transporte, possam olhar “para as alternativas que existem e escolherem outras alternativas à ferrovia em primeira instância, claramente, mas também ao Porto de Sines”.

A APS – Administração dos Portos de Sines e do Algarve implementou no início do ano uma taxa de 158 euros por comboio – tendo a entidade, entretanto, expressado interesse em reduzi-la para cerca de 95 euros.

A medida levou a AMT – Autoridade da Mobilidade e dos Transportes a suspender, em Maio, a aplicação da tarifa, que, apesar de legítima, “não foi cabalmente demonstrada a conformidade técnica e legal do valor da referida tarifa, resultando que a mesma não é proporcional, por se afigurar não existir uma relação directa entre a utilização e os custos associados”.

A decisão da AMT instruiu a APS a suspender a aplicação da tarifa “pelo prazo máximo de 90 dias” e reiniciar o processo para a aprovação com “todos os requisitos legais aplicáveis, incluindo a fundamentação da política tarifária – do ponto de vista jurídico, económico e financeiro – e prosseguimento de procedimento de consulta pública”.

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