Concelhia comunista de Sines reage em função da operação “Influencer” que levou à detenção do presidente da Câmara Nuno Mascarenhas
O PCP quer ver “total transparência no funcionamento” da Câmara Municipal de Sines, depois de Nuno Mascarenhas, presidente da autarquia, ter sido detido na última terça-feira no âmbito da investigação aos negócios de lítio e hidrogénio verde e do ‘data center’. A posição da concelhia comunista siniense foi divulgada, em comunicado, na passada sexta-feira.
“[É] necessário garantir total transparência no funcionamento da autarquia, exigindo-se que sejam facultados aos eleitos autárquicos (…) todos os elementos, documentação e informação necessários à clarificação da situação”, afirma a estrutura local do PCP. “Independentemente da legalidade ou ilegalidade dos actos praticados, estão em causa questões como a clarificação de quais os interesses prevalecentes nas relações entre a autarquia e grupos económicos, bem como os interesses da população de Sines e o bom nome do concelho”, justifica a concelhia comunista.
Com base na Lei, a actual situação “não impede, nem pode interferir” com o “regular funcionamento dos órgãos autárquicos”, mas coloca uma “maior exigência no seu funcionamento democrático e preparação atempada”.
Para o PCP, esta é a altura de aguardar pelo “resultado das investigações e diligências em curso”, pela “informação cabal sobre os factos” que conduziram à detenção do autarca socialista Nuno Mascarenhas e à demissão do primeiro-ministro, António Costa. E só depois deverão ser retiradas “consequências”.
Os comunistas deixam “uma palavra de valorização e tranquilidade aos trabalhadores da autarquia” e reforçam que os recentes acontecimentos “não implicam, nem podem servir de justificação, para qualquer alteração das [suas] condições”. “Independentemente do curso das investigações, a presente situação não pode de modo algum servir de pretexto para a maioria PS na Câmara de Sines adiar mais ou continuar a falhar com a resposta às necessidades da população e dos trabalhadores da autarquia”, adianta o PCP..
Quanto aos investimentos em curso e previstos para o concelho, “que de acordo com as informações vindas a público estão no centro do processo judicial”, o PCP diz ter sempre assumido “uma posição clara, muitas vezes isolado”, de que os mesmos “devem em primeiro lugar servir para o desenvolvimento do País e do concelho”.
A operação de terça-feira do Ministério Público assentou em pelo menos 42 buscas e levou à detenção, para interrogatório, do até então chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, do presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, de dois administradores da sociedade Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, e do advogado Diogo Lacerda Machado, amigo de António Costa. O ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, foram constituídos arguidos.