Empresa diz que complexo industrial vai ser transformado num Parque de Energia Verde com soluções sustentáveis, como o hidrogénio e os biocombustíveis
A Galp garante que a refinaria de Sines, no Litoral Alentejano, faz parte dos planos da empresa para a descarbonização energética e diz entender a posição do colectivo Climáximo que, na semana passada, promoveu um protesto junto da unidade industrial.
“Respeitamos o direito ao protesto e entendemos a posição dos manifestantes, que acreditam que mais acções são necessárias no movimento da descarbonização”, avançou fonte da administração da Galp, contactada pela agência Lusa.
A mesma fonte oficial adiantou que o protesto da Climáximo, que juntou cerca de 100 manifestantes junto aos vários acessos da unidade, numa acção não violenta de desobediência civil e bloqueio, “não afectou a actividade da refinaria de Sines”.
“A Galp está a fazer o caminho para a descarbonização da sua actividade e para posicionar a empresa e o país na vanguarda da transição energética”, acrescentou. Segundo a empresa, a refinaria de Sines “fará parte desta transformação, transitando ao longo do tempo para um Parque de Energia Verde, com novas soluções sustentáveis, como o hidrogénio verde e os biocombustíveis”.
A manifestação da Climáximo, intitulada “Vamos Juntas!”, reivindicou “o encerramento planeado e gradual da refinaria de Sines até 2025” e os activistas concentraram-se nos acessos principais da refinaria tentando bloquear a actividade da unidade.
A acção de protesto chegou a aquecer quando um grupo de cerca de 10 manifestantes acedeu sem autorização às instalações, na zona da portaria, sendo acompanhado de volta ao exterior por militares da GNR.
Um dos activistas sentou-se em frente ao portão do acesso dos camiões, embora na altura não passasse qualquer viatura, foi algemado, retirado do local e identificado pela GNR, juntando-se depois aos outros activistas.
Trabalhadores exigem investimentos imediatos para descarbonizar refinaria
A Comissão Central de Trabalhadores (CTT) da Petrogal defende a necessidade de aprovação imediata dos investimentos destinados à descarbonização” da refinaria de Sines da Galp e convidou o colectivo Climáximo a integrar a “frente” pela transformação do complexo industrial.
“A CCT pretende endereçar um convite público à Climáximo para, conjuntamente, estabelecermos uma frente que reivindique a descarbonização da refinaria de Sines até 2025, tal como a própria administração gizou no seu plano estratégico”, disse a estrutura representativa dos trabalhadores, em comunicado.
No comunicado, a CCT da Petrogal convida a Climáximo a “juntar-se” à sua “reivindicação para assegurar a transição energética, os postos de trabalho e o futuro do país”. Mas alerta que “qualquer reivindicação que ponha à cabeça o encerramento de qualquer instalação industrial sem uma alternativa concreta não serve o objectivo de esclarecimento da opinião pública”.
O que acontece é que “desfavorece qualquer processo de transição energética sustentada, enquanto procedimento com um ponto de partida e de chegada, algo que não existe actualmente”.
“Não se altera um processo que é extremamente injusto e sobretudo desequilibrado” ao clamar “por um encerramento sem alternativa a curto prazo e ao mesmo tempo clamando pela defesa dos postos de trabalho”, afirma.
A CCT defende que, em matéria de combate climático, “há uma urgência de discernimento entre a árvore e a floresta e, sobretudo, na escolha de causas que vão para lá do panfleto simplista”.
Em Portugal, “o que é assumido pelo Governo como ‘transição energética’ é um processo de desindustrialização acelerado do país sem impacto líquido na redução global de emissões de CO2 [dióxido de carbono] para a atmosfera” e que, ao mesmo tempo, tem “um impacto brutal na destruição de emprego”, argumenta a CCT.
No comunicado, a CCT expressa ainda “confiança” de que os trabalhadores “saberão lidar pacificamente com acções fora de contexto e incompreensíveis à luz da razão”. A Galp encerrou este ano a refinaria de Matosinhos, distrito do Porto, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.
Em Junho, a petrolífera anunciou ao mercado que pretende transformar gradualmente a refinaria de Sines “num centro de energia verde”, um projecto que será alavancado no acesso ao hidrogénio verde.