Evento arranca na próxima sexta-feira. Artistas de 36 países de cinco continentes vão passar pela costa alentejana, no certame que foi distinguido nos Iberian Festival Awards 2017
Ao todo vão ser 56 concertos, com sons oriundos de 36 países dos cinco continentes. A 19.ª edição do Festival Músicas do Mundo (FMM) Sines 2017 arranca na próxima sexta-feira, 21, e prolonga-se até 29 de Julho. Durante nove dias, o evento que recebeu o prémio ibérico para festival com melhor programa cultural nos Iberian Festival Awards 2017 vai repartir-se por dois núcleos: Porto Covo e Sines.
“O programa de concertos do FMM Sines 2017, o mais extenso de sempre, traz a Portugal alguns dos melhores músicos do continente africano. Estarão presentes o marfinês Tiken Jah Fakoly, a maliana Oumou Sangaré, o camaronês Richard Bona (num projecto com o grupo Mandekan Cubano) e o encontro entre as cantautoras Fatoumata Diawara (Mali) e Hindi Zahra (Marrocos)”, revela a Câmara Municipal de Sines, entidade promotora do festival, destacando também as participação de “Orlando Julius, lenda da música nigeriana”, que “regressa ao festival com a orquestra brasileira Bixiga 70, num concerto que é um exclusivo europeu para o FMM Sines”.
A África do Sul estará representada pelos BCUC, banda do Soweto.
“A África onde se fala o português também terá um ano grande. Estarão no FMM três dos maiores músicos de Cabo Verde – Mário Lúcio, Lura e Vasco Martins – e um grande cantautor angolano, Waldemar Bastos”, acrescenta a autarquia.
América, Ásia e Oceania com rap, folk e jazz
A encabeçar uma delegação brasileira estará o rapper Emicida, na qual se integram os cantautores Makely Ka e Gustavito e o grupo Metá Metá.
“Toda a América Latina estará bem representada nesta edição. Do universo das orquestras, vêm ao festival a chilena Chico Trujillo, a peruana Bareto e a colombiana La Mambanegra. A fusão das músicas latinas com a electrónica chega pelo equatoriano Mateo Kingman e pelos colombianos Bulldozer e Romperayo”, revela a edilidade.
Das Américas, participam ainda Aurelio, voz do povo garifuna nas Honduras, o projecto porto-riquenho ÌFÉ e três músicos norte-americanos: o poeta nova-iorquino Saul Williams, a cantautora de raízes haitianas Leyla McCalla e o músico de reggae havaiano Mike Love.
Passando para a China, estará de volta ao FMM Sines o folk das regiões de Guangxi, através da banda Mabang, e da Mongólia Interior, através de Tulegur.
“As percussões iranianas chegam nos dedos de Mohammad Reza Mortazavi. Parvathy Baul será a embaixadora da tradição mística baul, da Índia. Ainda da Ásia, virão ao FMM Sines 2017 o grupo The Barberettes, doo-wop da Coreia do Sul, A-WA, banda de Israel com raízes iemenitas, e o trio do saxofonista sírio Basel Rajoub”, acrescenta o município.
Da fronteira entre a Ásia e a Oceania, as ilhas Molucas servem de inspiração ao grupo de jazz Boi Akih, outro dos presentes. O jazz, de resto, é também a matriz dos franceses Thomas de Pourquery & Supersonic e dos galegos Sumrrá.
Europa com participação diversificada
“A Europa terá, como habitual, uma presença fragmentada entre as músicas de raiz tradicional e as fusões com músicos de outros géneros e continentes”, indica a autarquia.
Savina Yannatou & Primavera en Salonico apresenta a música da “Jerusalém dos Balcãs”, Tessalónica. A cantora Gaye Su Akyol mostra o lado mais cosmopolita da Turquia. Den Sorte Skole são dois produtores dinamarqueses, mas a música que lhes dá vida é de todo o mundo. Ifriqiyya Électrique junta rock francês com rituais sufi tunisinos. O MC anglo-nigeriano Afrikan Boy e a banda franco-marroquina N3rdistan são músicos entre África e Europa. Nessi Gomes, cantautora britânica de origem portuguesa, apresenta a sua proposta de folk alternativa a partir da ilha de Guernsey.
“Espanha terá em Sines dois dos principais nomes da sua folk: a galega Mercedes Peón e o duo catalão Maria Arnal i Marcel Bagés.”
Já Portugal estará representado por António Chainho, André Baptista, Cristina Branco, Medeiros / Lucas, Sopa de Pedra, Simply Rockers Sound System e JAE Sessions. “Os artistas portugueses estarão também representados em concertos partilhados com artistas de outras nacionalidades: Costa Neto/João Afonso (Moçambique/Portugal) Benjamim/Barnaby Keen (Portugal/Reino Unido), Coladera (Brasil/ Portugal/Cabo Verde) e Cantos de Cego da Galiza e Portugal. A Orquestra Latinidade, sediada em Lisboa, junta músicos de vários países de herança latina.
Iniciativas para famílias
Além dos concertos, o FMM Sines contemplará iniciativas paralelas para famílias e público em geral.
“O músico francês François R. Cambuzat (Ifriqiyya Électrique) está novamente no festival para actuar, mas também para encontrar-se com o público em dois Ateliers de Música para Todos: A Grande Orquestra do Desastre; e Danças, Cantos e Percussões de Banga.”
A companhia Real Pelágio também regressa com espectáculos para famílias e crianças, no auditório do Centro de Artes.
Já os artistas Tulegur, Orlando Julius & Latoya Ekemode, Parvathy Baul e Bulldozer serão responsáveis pelos ateliers infantis.
“O Outro FMM é mais uma iniciativa para famílias. Trata-se de uma visita orientada aos bastidores do palco do Castelo para explicar como se faz o festival”, anuncia o município.
Haverá ainda o programa de iniciativas de divulgação científica ENTREMARÉS, por investigadores do CIEMAR e do MARE,a Feira do Livro e do Disco e três encontros com escritores: Manuel da Silva Ramos, Sérgio Godinho e Cristina Carvalho.
Nos 100 anos da revolução soviética, António Guerreiro (ensaísta e crítico) e José Neves (historiador) estarão em Sines para discutir o tema “História e Revolução”.
Durante a visita ao festival, o público poderá também visitar a exposição “Estação Vernadsky”, 20.ª edição do projecto Verão Arte Contemporânea em Sines, no Centro de Artes de Sines e no Centro Cultural Emmerico Nunes.
Arranque em Porto Covo e continuação em Sines
De 21 a 23 de Julho, sexta a domingo, o festival estará sediado no palco INATEL, localizado no Largo Marquês de Pombal, em Porto Covo, com uma programação integralmente gratuita. Nos dias 24 e 25, segunda e terça-feira, o festival transita para a cidade de Sines, com concertos pagos no auditório do Centro de Artes e concertos gratuitos no Pátio das Artes, Largo Poeta Bocage e terreiro do Castelo. Os dias de maior intensidade do festival, na cidade de Sines, ocorrem entre 26 e 29, com concertos no palco histórico do Castelo (gratuitos à tarde e pagos à noite) e no palco junto à Praia Vasco da Gama (gratuitos). A iniciar cada um desses quatro dias, há música no Centro de Artes de Sines (concertos pagos).