Filipa Faria: “A imagem de Sines tem que forçosamente mudar, até porque está algo degradada”

Filipa Faria: “A imagem de Sines tem que forçosamente mudar, até porque está algo degradada”

Filipa Faria: “A imagem de Sines tem que forçosamente mudar, até porque está algo degradada”

Candidata do PS à Câmara de Sines estabelece requalificação do espaço público, soluções para falta de habitação e desenvolvimento económico como prioridades

Filipa Faria é a candidata do Partido Socialista à presidência da Câmara Municipal de Sines nas próximas eleições autárquicas. Após 12 anos de experiência no executivo, assume agora o desafio de liderar o município, motivada pela ambição de querer fazer mais pela terra que a viu nascer.

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Entre as suas prioridades estão a requalificação do espaço público, a criação de soluções para o problema da habitação e a aposta num desenvolvimento económico que equilibre crescimento com preservação ambiental. Destaca ainda o papel estratégico de Sines na transição energética e digital, o reforço do sector logístico, o apoio às micro e pequenas empresas, e a valorização da pesca como sector identitário.

Na área da educação e juventude, Filipa Faria propõe a instalação de uma escola superior e o reforço da Escola Tecnológica do Litoral Alentejano ETLA, e também um modelo de governação mais próximo dos cidadãos.

A candidata sublinha que pretende liderar com uma visão renovada e comprometida com a transparência, o rigor orçamental e a inclusão, apostando num modelo de desenvolvimento sustentável e numa gestão equilibrada entre sonho e realismo.

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O que a motivou a aceitar o desafio de se candidatar à presidência nestas eleições?

A responsabilidade e a convicção de ser capaz de fazer o melhor pela minha terra. Responsabilidade porque, estando no executivo nos últimos 12 anos, não podia deixar de corresponder ao apelo daqueles que me incentivaram a disponibilizar-me ao Partido Socialista. Além disso, quando aceitei integrar o executivo da Câmara em 2013, fi-lo pelo amor e dedicação que sempre tive em relação à cidade que me viu nascer. Depois de exercer funções autárquicas executivas, esse sentido de pertença, a ambição de querer mais para Sines e para Porto Covo, aprofundou-se.

Está mais pressionada por ‘ocupar’ a vaga deixada por Nuno Mascarenhas?

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De modo algum. Orgulho-me de tudo aquilo que fizemos bem, reconheço que em alguns casos podemos não ter alcançado todos os objetivos ou que podemos ter tomado decisões que, parecendo as mais corretas naquelas circunstâncias, vistas à distância, podem agora ser discutíveis. Mas, por isso mesmo, tenho hoje uma ambição renovada para Sines, uma ideia necessariamente diferente. Estas eleições encerram um ciclo e abrem outro, obrigatoriamente um tempo novo. Mesmo pela minha personalidade, sei que serei uma presidente diferente daquilo que fui como vereadora. É esse impulso que me motiva para estas eleições, o de poder oferecer uma energia nova e de poder liderar um projeto de renovação, obrigatoriamente distinto ao nível da liderança.

Sente que a experiência como vereadora a preparou para assumir a liderança da autarquia?

Sem dúvida! As Câmaras Municipais são organizações complexas e, depois da descentralização de competências, essa complexidade aumentou exponencialmente. A visão que tenho hoje sobre o conjunto da Câmara é muito importante e constitui uma mais-valia. E não só, porque à medida que vamos conhecendo determinadas matérias, adquirimos uma visão mais madura, mais sentido crítico, mais conhecimento. É preciso não iludir as pessoas porque, podemos sonhar e isso é bom, mas precisamos ter a noção de que a Administração Pública tem grandes limitações. Esse equilíbrio entre o sonho e a realidade possível de concretizar é fundamental.

Quais serão as suas três grandes prioridades se for eleita presidente da Câmara Municipal?

Desde logo, a qualificação urbana. A imagem de Sines tem que forçosamente mudar, até porque está algo degradada. O espaço público é uma grande prioridade, porque é o espaço que é de todos, mas é também aquilo que serve de primeiro cartão de visita. Depois, as questões de natureza social, inclusão e qualidade de vida. Aqui diria que a habitação é uma prioridade dentro da prioridade. Mas tenho consciência de que precisamos de agregar soluções, a Câmara por si só não solucionará o problema, precisa de atrair investidores e criar melhores condições para o investimento. E, naturalmente, a sustentabilidade. Estamos numa fase de grande desenvolvimento económico, na dianteira da transição energética e digital, mas precisamos de garantir que estamos a criar empregos e a fixar riqueza sem comprometer o futuro coletivo.

Que planos tem para potenciar o desenvolvimento económico da região?

Tem sido desenvolvido um trabalho continuado com a Aicep Global Parques e com a Administração do Porto de Sines quer na atração de investimento, quer na sua fixação. A carteira de investimentos para Sines ronda os 20 mil milhões de euros. O que precisamos é de potenciar o desenvolvimento dos negócios dos micro, pequenos e médios empresários. Existem incentivos, mas podemos ir mais longe. Existe uma área que ainda está por desenvolver em Sines, que é muito importante, e que terá efeitos muito significativos no emprego, no emprego qualificado e nos negócios locais, que é a logística. A dinamização da zona logística entre o porto e a zona industrial será uma prioridade do próximo mandato. E a pesca. Não posso deixar de referir que o setor da pesca deve ter um acompanhamento especial, não apenas por ser identitário para nós, mas é essencial para o turismo, para a gastronomia e para a preservação ambiental. E para os Pescadores.

Que medidas pretende implementar para equilibrar o crescimento económico com a preservação ambiental?

De facto, essa é uma preocupação. E temos trabalhado muito minuciosamente nisso. Participámos em todas as consultas públicas dos investimentos a realizar. E nessa sede tomamos posição sobre que queremos ver vertido nas licenças ambientais. Na minha opinião, precisamos de maior responsabilidade social das grandes empresas. Existem muitas formas de alcançar uma economia livre de carbono. Por exemplo, as empresas que se instalam podem perfeitamente investir em sumidouros de carbono, áreas verdes, com árvores de espécies que consomem carbono emitido, para maximizar os objetivos de neutralidade. Temos sido especialmente exigentes com a questão da água, quer em termos de consumos quer das águas residuais a tratar e rejeitar. Temos uma política restritiva, que se manterá, para a instalação de parques solares que, no fundo, traduzem a desflorestação para produção de energia. Sines contribuiu muitos anos para a produção elétrica nacional e continua a contribuir. Mas temos limites para a ocupação de solo rústico, área florestal e agrícola, com painéis solares. Indústria sim, mas com salvaguarda efetiva dos recursos ambientais e respeito pelos que aqui vivem.

Que propostas tem para garantir o acesso a habitação condigna, sobretudo para os mais jovens e famílias com baixos rendimentos?

Temos já um regulamento de apoio ao arrendamento jovem. Que além de mantermos, queremos rever de modo que possa chegar a mais jovens. Teremos ainda de rever a Estratégia Local de Habitação de modo que seja possível, com soluções combinadas, promover mais habitação a custos controlados. Tenho a intenção de concluir um novo plano de pormenor, para alargar as áreas onde se pode construir habitação, aumentando a oferta e induzindo a baixa de preços. Precisamos de qualificar as nossas habitações sociais, que totalizam mais de três centenas de fogos. Não podemos também excluir a disponibilização de habitação que promova a fixação de famílias até adquirirem a capacidade de comprar casa ou entrar no mercado do arrendamento.

Como pretende atrair e fixar jovens em Sines? Há alguma aposta concreta em formação, emprego ou habitação jovem?

O projeto de construção de uma escola superior, fixando no território uma resposta académica que corresponda às necessidades de qualificação dos investimentos que estão a ser feitos é essencial. Trata-se de uma aposta muito dirigida aos nossos jovens, como atrairá outros para o concelho. É muito importante, em complemento, a construção de novas instalações para a Escola Tecnológica do Litoral Alentejano (ETLA). Estamos a falar de investimentos muito avultados e que necessitarão de financiamento e do empenho, também, do Governo. Mas isso é um objetivo de que não abrirei mão. E, como já referi, a habitação jovem está na nossa agenda, seja através do apoio ao arrendamento, apoio à fixação por períodos restritos no tempo ou através da construção a custos controlados.

De que forma planeia aproximar a autarquia dos cidadãos e incentivar uma maior participação da comunidade nas decisões?

É fundamental assinalar que a Câmara Municipal de Sines tem tido sucessivos bons desempenhos nas avaliações da transparência, por exemplo, a área do urbanismo, está completamente desmaterializada e acessível a todos, através da implementação dos serviços on-line. Além disso, existem duas medidas que me parecem importantes: a criação do “Provedor do Munícipe”, que acolhe as suas preocupações, reclamações e sugestões; e o Orçamento Participativo. Uma outra iniciativa que é relevante, nomeadamente para os jovens, é a criação de um projeto que os sensibilize, pedagogicamente, para aquilo que é o papel de uma Câmara Municipal. E assim trazê-los à discussão dos temas que lhes são mais interessantes.

Como planeia gerir os recursos financeiros do município, garantindo equilíbrio orçamental e investimento estruturado?

Sobre isso, não posso deixar de dizer que se existe quem tenha aprendido muito fui eu e o atual executivo do Partido Socialista. Entre 2013 e 2017 a dívida de mais de 22 milhões desceu para 12 milhões. Atualmente a dívida total rondará os 7 milhões, sendo essencialmente dívida de médio e longo prazo. Portanto, mesmo com a troika e a pandemia pelo meio, reduzimos a dívida em cerca de 70% face ao início do primeiro mandato. Manter este rigor na gestão é absolutamente essencial. E é também por isso que digo: equilíbrio entre o sonho e a realidade possível de alcançar é fundamental.

Que mensagem gostaria de deixar aos munícipes de Sines nesta fase inicial da campanha?

As pessoas de Sines e de Porto Covo conhecem-me. Sabem quem sou, sabem que sou uma pessoa muito ligada à terra, às pessoas, à pesca, que valorizo a comunidade. Fui advogada em Sines e, como é da minha personalidade, nesse papel estive sempre do lado dos mais frágeis e vulneráveis, daqueles que precisavam que os ajudassem a ter justiça nas suas vidas. Quem me conhece sabe que sou determinada nos meus objetivos. E lutarei por Sines e por Porto Covo com todas as minhas forças e com todos os instrumentos que tenha à mão. Serei seguramente uma presidente de causas.

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