Empresa do Centro de Dados de Sines rejeita irregularidades ambientais do projecto

Empresa do Centro de Dados de Sines rejeita irregularidades ambientais do projecto

Empresa do Centro de Dados de Sines rejeita irregularidades ambientais do projecto

“O terreno foi-nos entregue limpo e lavrado”, explicou Índia Oliveira, responsável pela área da Sustentabilidade na Start Campus

 

A empresa responsável pela construção do Centro de Dados SINES 4.0 refutou esta quinta-feira alegadas irregularidades ambientais e argumentou que o terreno onde está o edifício foi-lhe entregue “já limpo e lavrado” em Dezembro de 2021.

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“O terreno foi-nos entregue limpo e lavrado” em Dezembro de 2021, explicou Índia Oliveira, responsável pela área da Sustentabilidade na Start Campus, acrescentando que, com base num estudo realizado pela Universidade de Évora, a empresa adoptou “medidas para salvaguardar todos os vestígios” existentes nessa zona.

Em declarações à agência Lusa durante uma visita ao local, a convite da empresa, a responsável explicou que, de entre os vestígios encontrados na zona envolvente ao edifício NEST, estariam exemplares das plantas Erica cirialis e Erica erigena.

Estes exemplares foram retirados do local, conservados em ‘bigbags’ e colocados em três berçários, junto ao estaleiro da obra, para serem replicados “num destino final protegido”, adiantou.

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“Desde o dia 1 que tentámos fazer o levantamento das espécies e recursos naturais e preservá-los de acordo com indicações da Universidade de Évora, que são especialistas desta área”, adiantou.

Este trabalho permitiu “salvaguardar bastantes exemplares de ‘ericas’ que são as espécies características e indicadoras do habitat 4020, encontrado no primeiro edifício do Data Center”, precisou.

As explicações da empresa à agência Lusa surgem depois de o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) ter revelado que efectuou uma acção de fiscalização ao local, entre 13 e 17 de Novembro, confirmando que a condição de garantir a integridade de um charco temporário “não foi cumprida”.

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“A condição de garantir a integridade do charco temporário identificado no primeiro parecer do ICNF, relativo à construção do primeiro pavilhão do ‘Data Center’ em área fora da Zona Especial de Conservação (ZEC) da Costa Sudoeste, não foi cumprida, estando o edifício construído em cima da área identificada”, referiu no dia 28 de Novembro o ICNF.

De acordo com a cronologia da Start Campus relativa a este projeto, consultada pela Lusa, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) informou a empresa, em 21 de Dezembro de 2021, de que o procedimento da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) não seria aplicável ao projecto NEST.

E, em 29 de Dezembro de 2021, a AICEP Global Parques, empresa senhoria dos terrenos, entregou o lote à Start Campus “limpo e lavrado”, pode ler-se.

Porém, “antes da entrega do terreno” pela AICEP à Start Campus, a empresa consultou “uma das maiores especialistas a nível nacional do habitat prioritário 4020”, da Universidade de Évora, tendo celebrado em Outubro de 2021 um protocolo “para avaliação dos valores naturais e mapeamento dos habitats prioritários antes de se iniciar a obra do NEST”.

Segundo o mesmo documento, os trabalhos de preparação do terreno, a cargo da AICEP, executados entre 6 e 21 de Dezembro de 2021, “antes de se conhecer o parecer da APA”, consistiram “na demolição de uma torre de controlo e das estruturas adjacentes, na selagem dos poços existentes, na desmatação do terreno e limpeza de árvores e arbustos”.

“Quando o terreno nos foi entregue nada nos faria supor que estivéssemos a incorrer nalgum tipo de desafio ambiental”, reforçou também à Lusa durante a visita Luís Marques, gestor de projecto na Start Campus.

Segundo o responsável, “depois de o terreno limpo e lavrado não havia qualquer evidência”, nem conhecimento de outros habitats.

“Sendo uma zona urbana e industrial [o terreno] estaria pronto para ser intervencionado, uma vez que está localizado dentro de uma Zona Industrial e Logística, ao lado da antiga central da EDP, com uma linha de comboio, uma esteira de carvão, entre nós e o mar, e uma refinaria a 1.600 metros”, argumentou.

Questionado sobre a continuidade do projecto, Luís Marques, disse que a empresa está disponível para cooperar com o ICNF e com outras entidades para eventuais esclarecimentos sobre o processo.

“Em momento algum suspeitámos que estávamos a fazer algo que fosse ecologicamente mau”, concluiu.

A Start Campus, promotora do Centro de Dados, é uma das visadas na investigação da Operação Influencer, que se tornou pública com a operação realizada em 7 de Novembro pelo Ministério Público.

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