Subconcessão com Galp em Sines termina em 2027, mas empresa acredita na renovação. Estão previstos investimentos e a criação de mais postos de trabalho
A Ecoslops promoveu esta terça-feira uma visita às instalações da sua refinaria no Porto de Sines. Numa altura em que as negociações para a renovação da subconcessão entre a Ecoslops e a Galp estão em curso, Vincent Favrier, CEO da empresa, em entrevista a O SETUBALENSE, declarou acreditar que o trabalho que a Ecolops está a desenvolver em Sines vai continuar nos próximos anos estando previstos novos investimentos para aumentar a capacidade da refinaria e novos postos de trabalho. Está previsto investir mais cinco milhões de euros na refinaria, aumentando a capacidade anual em 40%, para 35 mil toneladas, e elevando as receitas para cerca de 15 milhões de euros por ano.
Quão confiante está na continuidade da Ecolops em Sines, para lá de 2027?
A refinaria da Ecoslops opera no Terminal de Granéis Líquidos do Porto de Sines desde 2012, ao abrigo de uma subconcessão com a CLT, detida pela Galp. Esta localização é estratégica: é em Sines que recolhemos e tratamos os óleos residuais de todas as embarcações que passam pelos cinco terminais do porto. Esta atividade representa 20% da operação nacional, sendo os restantes 80% dedicados à produção de combustível reciclado realizada em Sines.
Nesta década, investimos sete milhões de euros em infraestruturas essenciais para o funcionamento do Porto de Sines, desde o tratamento de águas ao parque de resíduos e sistemas de distribuição de água potável. As negociações com a Galp têm sido longas e ainda não conhecemos a sua decisão final. Mas a nossa posição é clara: queremos continuar a investir em Sines. Com o histórico que construímos, acreditamos firmemente que o interesse estratégico do Porto de Sines e da região falará mais alto.
Se as negociações não chegarem a bom termo isso significa a saída da empresa de Portugal?
Não consideramos esse cenário. O nosso plano é de crescimento em Portugal e particularmente no Porto de Sines. Temos previsto investir mais cinco milhões de euros na refinaria, aumentando a capacidade anual em 40%, para 35 mil toneladas, e elevando as receitas para cerca de 15 milhões de euros por ano. Queremos ainda reforçar a equipa em 20%, com dez novos postos de trabalho qualificado. Sines continuará a ser o centro da nossa expansão: é aqui que queremos diversificar a operação e produzir, com engenharia portuguesa, as nossas unidades “modelares” Scarabox e Scarabatch, já exportadas para África.
Nestes dez anos, contribuímos para projetar internacionalmente o Porto de Sines, recebendo delegações de algumas das maiores economias marítimas do mundo dos EUA à China, da Coreia do Sul a Singapura. A continuidade da Ecoslops em Sines significa manter esta visibilidade, este investimento e este impacto ambiental positivo. É isso que queremos assegurar”.
Qual a importância do vosso trabalho para a empresa e até para o país?
A indústria marítima movimenta perto de 80% do comércio mundial e, todos os anos, mais de um milhão de toneladas de óleos residuais são ilegalmente despejados no mar. A tecnologia P2R da Ecoslops, única no mundo e inteiramente dedicada à economia circular, nasceu para eliminar este risco. Através dela transformamos os óleos residuais (slops) das grandes embarcações em combustível reciclado, com uma eficiência de 99%.
Há dez anos escolhemos o Porto de Sines para instalar a nossa refinaria para desenvolver a nossa operação. Foi uma decisão estratégica: Sines é um hub internacional, com visibilidade global e uma importância crítica para o transporte marítimo. A partir de Sines, já transformámos em combustível reciclado mais de 200 mil toneladas de resíduos e evitámos cerca de 130 mil toneladas de emissões de CO2.
É precisamente por Sines ser o centro desta operação, e o motor do nosso impacto ambiental e económico, que estamos a organizar uma nova visita à refinaria. Estamos enraizados no Porto de Sines e queremos reforçar esse compromisso, criando emprego qualificado e consolidando a presença da tecnologia da Ecoslops no maior porto energético do país.
Ambiente tecnologia pioneira contribui ligada à economia azul
Desde 2015, a Ecoslops tem colocado Portugal na vanguarda da economia circular aplicada ao setor marítimo, através de uma tecnologia pioneira a nível mundial que transforma resíduos oleosos provenientes de navios e indústrias petrolíferas em novos produtos certificados.
A unidade industrial de Sines, que opera o processo Petroleum Residue Recycling (P2R), atinge uma eficiência de reciclagem superior a 99%, reduzindo de forma significativa as emissões de CO₂ e contribuindo para a preservação do ambiente marítimo e materializa todas as potencialidades associadas à economia azul.