Receber um alerta da próxima vacina, solicitar a segunda via do boletim digital ou aceder ao calendário vacinal pode estar à distância de um click. O e- Boletim de Vacinas, que está ser implementado em todo o país, contou com o contributo da equipa de enfermagem do Centro de Saúde de Sines.
O projeto-piloto do eVacinas arrancou, em abril do ano passado, quando a Administração Regional de Saúde lançou o desafio à equipa liderada por Ana Correia, enfermeira chefe da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Sines. “Tratou-se de substituir o registo das vacinas da aplicação ‘SINUS’ pelo ‘VACINAS’”. Em conjunto com os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS) e a Direção Geral de Saúde (DGS) “testámos a aplicação e detetámos as inconformidades”, explicou.
O novo boletim permite uma gestão centralizada do Plano Nacional de Vacinação e uma gestão de todos os indivíduos que estão em território nacional. Basta para tal, aceder ao site www.sns.gov.pt e efetuar a subscrição para aceder ao seu registo de saúde, às consultas efetuadas, aos episódios de saúde, consultar o registo de vacinação no e-Boletim de vacina, marcar consultas e aceder a uma biblioteca de literacia em saúde.
“A aplicação ainda não está a funcionar na sua plenitude mas o que se pretende é que seja possível em todas as unidades de saúde do país aceder ao registo vacinal de todos os indivíduos”, adianta a responsável que só vê mais valias neste projeto. “Facilita o trabalho de médicos e enfermeiros e evita duplicações de registo. Conseguimos visualizar aqui [centro de saúde de Sines] se uma pessoa foi vacinada no Porto”, sublinha a enfermeira que destaca também a componente ambiental. “Evita que as pessoas venham ao centro de saúde solicitar a segunda via do boletim e o desperdício do papel”.
Com 15 mil utentes e apenas duas extensões de saúde, Ana Correia acredita que “por existir um maior controlo, esta unidade, tenha sido escolhida para desenvolver o programa”.
Até ao fim do ano, todo o território nacional estará abrangido pelo boletim de vacinas digital mas, desde dezembro, que os 100 mil utentes da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano já estão abrangidos.
“Começou em Sines mas em Dezembro alargamos para as restantes unidades de saúde do Litoral Alentejano – Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém e Odemira -, e, neste momento, a SPMS, em articulação com a Direção Geral de Saúde (DGS), estão a fazer a migração do sistema para outras unidades” de norte a sul do país.
O trabalho realizado ao longo de sete meses já deu frutos e, por esta altura, segundo dados da SPMS, já estão disponíveis mais de 39500 boletins de vacinas eletrónicos e o número de utentes migrados com inscrição ativa nos centros de saúde já ultrapassa os 432 mil e oitocentos.
Com uma cobertura vacinal de 98 por cento, no concelho de Sines, a enfermeira chefe reconhece que os serviços irão encontrar alguns resistentes à mudança. “Há uma franja da população, a mais idosa, que vai manter o boletim em papel porque não tem acesso a esta plataforma. De resto, em Sines,a população é maioritariamente jovem e vai estar recetiva” ao boletim eletrónico.
O projeto prevê ainda abranger não só os cuidados primários mas também hospitais, farmácias e outros setores privados. Numa terceira fase, vai abranger os centros de vacinação internacional.
Helga Nobre