Dez ativistas, do movimento Alentejo Litoral pelo Ambiente (ALA) e da associação Stop Petróleo, de Vila do Bispo cobriram-se com tinta de choco na marginal de Sines, no passado sábado, num protesto que visou a exploração de petróleo na costa alentejana.
Helga Nobre
“Quisemos simular um derrame de petróleo e os impactos que isso tem na fauna e na flora”, explicou Eugénia Santa Bárbara, do movimento ALA que minutos antes, juntamente com outros manifestantes pintou-se de negro – com tinta de choco de um mercado de Lisboa -, e percorreu o areal da praia Vasco da Gama para sensibilizar o público do Festival Músicas do Mundo e os turistas que escolhem Sines, nesta altura do ano, para os impactos que a exploração prevista para Aljezur pode provocar nesta costa.
“É uma causa importante para nós porque precisamos de nos juntar para travar estes contratos e aquilo que está previsto acontecer muito em breve”, alertou a dirigente que se inspirou numa ação realizada o ano passado pela Greenpeace, em Espanha.
Eugénia Santa Bárbara, do ALA, acredita que “não é este o caminho” e caso avance, em 2018, a exploração de petróleo “causará impactos ambientais, económicos e sociais” em toda a região. “Já tivemos derrames no passado, o maior foi em 1989 e envolveu um navio que afetou a costa, desde Almograve até Sesimbra, com impactos muito graves na pesca, no turismo, na fauna e flora”, recordou. “O furo que está previsto para Aljezur é a 3 mil metros de profundidade e até há quem já lhe tenha chamado a ciência da Nasa porque é um furo muito semelhante ao do Golfo do México”, adiantou.
A iniciativa, que se realizou no último dia do Festival Músicas do Mundo, contou também com a participação da campanha nacional ‘Linha Vermelha’ que utiliza as artes do tricot e da tecelagem para mobilizar e alertar os portugueses para a exploração de petróleo e gás em Portugal. “A ideia é tecer a maior linha vermelha possível e com ela percorrer o país em instalações e ações como a que estamos a realizar em Sines porque é um elemento visual muito forte e que as pessoas possam relacionar com o petróleo”, explicou Catarina Gomes.
Ao longo de sete meses, desde que a campanha foi lançada, os voluntários já conseguiram tricotar cerca de 4 quilómetros de linha e, em Sines, não faltaram voluntários. “Temos entre 3 a quatro quilómetros de linha vermelha com 15 centímetros de largura. Temos muita gente a participar e isto desenrola-se em cerca de três horas para podermos desenvolver uma conversa sobre este tema com cada um dos participantes”, concluiu a voluntária da campanha que culmina quando os nove furos previstos na costa portuguesa forem cancelados.