Álvaro Beijinha: “Queremos construir um interface de transportes com terminal rodoviário e ligação ferroviária”

Álvaro Beijinha: “Queremos construir um interface de transportes com terminal rodoviário e ligação ferroviária”

Álvaro Beijinha: “Queremos construir um interface de transportes com terminal rodoviário e ligação ferroviária”

Candidato da CDU à Câmara de Sines defende uma gestão mais próxima das pessoas, com prioridade à requalificação do espaço público, à habitação acessível e à melhoria dos serviços básicos

O candidato da CDU à Câmara Municipal de Sines, Álvaro Beijinha, apresenta-se para este novo cargo com a “experiência de duas décadas de trabalho autárquico”, como presidente da Câmara de Santiago do Cacém, defendendo uma “renovação do projeto autárquico” em Sines, baseada na proximidade às pessoas, na requalificação do espaço público, na habitação acessível e no reforço do investimento em água e saneamento.
Em entrevista a O SETUBALENSE, Álvaro Beijinha sublinha que a cidade precisa de “um novo rumo”, com uma Câmara mais próxima dos cidadãos e uma atuação mais reivindicativa junto do Governo, sobretudo num território que, afirma ser “estruturante para a economia nacional”. O candidato propõe ainda uma gestão que promova o equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a sustentabilidade, apostando em setores como o turismo, a cultura, o desporto e o movimento associativo.

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Que experiências da sua presidência em Santiago do Cacém considera mais relevantes para este novo desafio?

A experiência que naturalmente adquiri ao longo de 20 anos, dos quais 12 como presidente, deram-me a experiência e a preparação para abraçar este novo desafio. Acho que nos dias de hoje o desafio de liderar uma Câmara Municipal necessariamente obriga a ter um conhecimento e uma experiência autárquica e por isso, desse ponto de vista, penso que é uma vantagem para Sines poder ter um Presidente de Câmara que tenha essa experiência autárquica.

Fala-se em “renovação do projeto autárquico”. O que significa exatamente na prática para Sines?

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Não, a renovação significa claramente uma política autárquica diferente, uma política que volta à questão da experiência e aquela que tem tido é, de facto, haver aqui uma muito maior proximidade às pessoas. Nós que andamos na rua, já nas últimas semanas, sentimos que, efetivamente, muitas queixas do atual executivo não ser próximo das pessoas e, por isso, essa será seguramente uma das principais formas de estar na gestão autárquica, que é uma muito maior proximidade às pessoas, pois só assim é que nós conseguimos perceber os problemas e depois também encontrar as melhores soluções.

Qual é a principal bandeira da sua candidatura?

Eu diria que não temos uma principal bandeira, as bandeiras são muitas, as necessidades do concelho, de facto, são muitas, eu diria que há três áreas que são para nós prioritárias, pelo menos numa primeira fase, que têm a ver com o espaço público, ou seja, o tratamento do espaço público que está praticamente abandonado há muito tempo. Depois uma segunda linha de prioridade que é a habitação, há, de facto, que encontrar uma estratégia nova para poder ajudar neste problema, que é muito sentido aqui em Sines. E depois uma terceira área também bastante prioritária, que não tem tido praticamente investimento nenhum nos últimos anos, que tem a ver com investimento em água e saneamento.

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Como pretende melhorar a proximidade da Câmara com os cidadãos e garantir que os problemas estruturais são resolvidos de forma eficaz?

Tem que se ter uma forma de estar completamente diferente daquela que tem sido adotada até agora, por exemplo, aquilo que eu tenho feito enquanto autarca, como presidências abertas, estar permanentemente no terreno, acompanhando as obras, visitando empresas, visitando as frentes de trabalho, as escolas, as áreas sociais, o movimento associativo, estar sempre presente nas iniciativas que vão acontecendo no concelho, pois só com proximidade é que conseguimos perceber onde estão os problemas, aquilo que são os anseios das populações e as suas necessidades, e depois, procurar as melhores soluções dentro, naturalmente, sempre de um quadro de limitação, que as autarquias têm.

Há aqui uma questão que é absolutamente fundamental para nós, que é melhorar significativamente a orgânica da Câmara, ou seja, reestruturar a Câmara, e isso tem de ser feito também de uma forma muito próxima, junto com os trabalhadores, ouvindo, percebendo onde é que estão os principais problemas, e essa também é de facto uma forma de estarmos próximos e também uma forma de atuar diferente daquela que tem sido até agora.

Fala em investimentos em áreas como saúde, habitação, transportes e educação. Quais são as suas prioridades imediatas se for eleito?

Essas quatro áreas não são de uma responsabilidade direta da Câmara, ou seja, são áreas que compete ao Estado, em primeira linha, atuar. Em todo o caso, naturalmente, as câmaras municipais devem ser parceiras, e em particular na questão da habitação, sendo o município proprietário de terrenos dentro do perímetro urbano pode e deve ter uma política muito mais ativa, incentivando a constituição de cooperativas, projetos de habitação a custos controlados, e depois aproveitar as linhas de financiamento que o Estado anunciou. Infelizmente aqui, até agora, nada foi feito nessa área, nós temos de procurar linhas de financiamento no futuro, para também a própria Câmara poder construir habitação e colocá-la naquilo que é a chamada renda acessível, que tanta falta faz.

Nas outras áreas, obviamente, aquilo que será a nossa postura é uma postura de reivindicação, nas outras e também na habitação, uma postura de reivindicação, porque aqui em Sines estão a acontecer os melhores projetos privados do país, na área da indústria, e o que é certo é que eles não são acompanhados de investimento público, e por isso, se os governos consideram que Sines é absolutamente estruturante para o país, para a economia do país, para as exportações, têm que acompanhar esses grandes investimentos também com investimentos públicos.

Pretende criar um novo Plano Diretor Municipal (PDM). Que objetivos pretende atingir com este plano?

A Câmara de Sines será das poucas no país que ainda não tem o chamado plano de diretor municipal de segunda geração, foi o primeiro do país, o primeiro plano de diretor municipal do país foi em Sines, houve essa visão na altura, e agora a Câmara há quase cerca de 20 anos que está em processo de revisão e ainda não concluiu, penso que está numa fase muito adiantada, naturalmente nós vamos ter que dar prioridade também a isso, porque é algo que é absolutamente estratégico para qualquer município, e é nesse sentido, nós vamos olhar para aquilo que tem vindo a ser desenvolvido pelo atual executivo, e depois vamos ter que, obviamente, porventura, fazer alterações e tentar aprová-lo o mais rapidamente possível.

Defende o desenvolvimento do turismo sustentável. Que projetos específicos tem para explorar o potencial turístico de Sines?

A questão do turismo é absolutamente estruturante, é certo que a indústria é importante, o porto é importante, mas nós temos que diversificar a economia, de um concelho que tem, naturalmente, muitos quilómetros de costa, mas também não só as praias são importantes porque as praias, naturalmente, têm a questão, no verão, trazem milhares e milhares de turistas, mas depois temos o inverno, e naturalmente há que combater a sazonalidade do turismo, e há que implementar uma nova estratégia que, efetivamente, traga turistas durante todo o ano, e isso temos que aproveitar o facto de grande parte do município de Sines estar numa reserva natural, aproveitar os caminhos pedestres que já existem, incentivá-los mais, projetá-los mais, promovê-los mais, nomeadamente a Rota Vicentina e também os caminhos de Santiago Marítimos, há que saber tirar proveito disso e depois investir em grandes eventos fora da época alta, muitos ligados, por exemplo, aos desportos de mar, o surf, a vela, o atletismo, os trails, a gastronomia, criar eventos gastronómicos fora da época alta, que, de facto, tragam turistas ao concelho, promovam também o concelho do ponto de vista turístico, porque hoje em dia, quando se fala de Sines, pensa-se logo e imediatamente em indústria, e seguramente que os turistas não é o sítio mais apelativo ir fazer turismo junto à indústria, e por isso nós temos que vender aquilo que Sines tem de bom desse ponto de vista.

Propõe a reabilitação de bairros degradados. Pode detalhar quais áreas estão na prioridade e como pretende financiar estas obras?

A questão dos bairros degradados é que são bairros municipais, e que a Câmara também ao longo de décadas, pouco ou nada investiu, e nesse sentido, uma vez mais, há que tentar aproveitar os financiamentos, infelizmente o PRR já dificilmente conseguiremos, mas outras linhas de financiamento que o Governo anunciou, que também não são só para a construção nova, também são para a reabilitação, e aproveitar para reabilitar, efetivamente, um património que é municipal, e que as pessoas naturalmente se queixam, porque não são feitas intervenções de reabilitação há muitos anos.

Em termos de mobilidade, fala na criação de um interface de transportes com terminal rodoviário e ligação ferroviária. Que passos concretos estão planeados para isso?

Defendemos a construção do interface, que permita uma rede de transportes públicos, obviamente, mas logo os autocarros, táxis, muito ligados também às questões elétricas, para haver também postos de abastecimento elétricos, e depois reivindicar a questão do comboio de passageiros, e quando construirmos este novo interface, e quando planearmos a sua localização, temos que ter em conta a possibilidade de, no futuro, haja essa oferta, naturalmente, porque a Câmara de Sines, na questão do interface, poderá porventura ter condições para ser ela própria a chamar a si própria a construção do mesmo, naturalmente, porque a questão do transporte ferroviário de passageiros não depende da Câmara, depende de vontade política dos Governos, e essa é uma matéria que, uma vez mais, a Câmara tem que ter uma postura muito ativa, muito reivindicativa, uma vez mais ligando à questão dos grandes investimentos, que estão aqui a atrair milhares de pessoas, e essas pessoas têm que ter melhores ofertas de mobilidade, e o comboio é uma delas.

Pretende reforçar o apoio ao movimento associativo, desporto e cultura. Que medidas específicas vai implementar para envolver jovens e promover participação comunitária?

A cultura e o desporto e o movimento associativo têm um papel fundamental, o movimento associativo é o principal parceiro de qualquer autarquia, e é nessa perspetiva que nós queremos reforçar os apoios que o movimento associativo recebe da Câmara, ter uma muito maior proximidade entre a Câmara Municipal e esse mesmo movimento associativo, tentar dinamizar novos projetos, seja na área da cultura, seja na área do desporto, obviamente, aproveitar os existentes, melhorá-los, se possível.

Quanto à questão dos jovens, também temos uma ideia concreta, queremos criar um projeto que lhes dê a iniciativa de organizar eventos que eles se revejam nos mesmos.

Como pretende equilibrar crescimento económico e desenvolvimento sustentável, especialmente nas áreas urbanas e turísticas do concelho?

Sines é um concelho com forte crescimento do ponto de vista do desenvolvimento económico, mas também, para termos essa sustentabilidade, temos que também ter um desenvolvimento social.

Eu não estou a dizer que não tenha havido, mas está muito aquém daquilo que são as necessidades, e aí, tem de haver, por parte dos governos, um olhar diferente para Sines e, repito, a questão de investir do ponto de vista de recursos públicos, pois só assim é que pode haver, digamos, um equilíbrio e que esse equilíbrio seja sustentável, ou seja, tem de haver mais resposta de serviços públicos nas diversas áreas, e aí são matérias que muitas delas não são competência da Câmara. Do ponto de vista do urbano e do ponto de vista do ordenamento do território, naturalmente, que também tem de ser bem pensado.

Tem de haver diversidade, a questão da pesca, que é também muito importante para o concelho, a questão do turismo e tentar, naturalmente, harmonizar tudo isto de forma que quem vive em Sines sinta qualidade de vida, sinta que todos estes projetos que vão a surgir são benéficos e não podem ser nocivos.

Se pudesse deixar uma mensagem aos eleitores de Sines sobre porque devem confiar na sua candidatura, qual seria?

A mensagem que quero deixar é, naturalmente, uma mensagem de confiança, de termos aqui um projeto que é, de facto, transformar Sines, dar mais qualidade de vida às pessoas que vivem no concelho, alterar profundamente aquilo que tem acontecido até agora, mudar o espaço público, dar mais condições de habitabilidade para quem cá vive. Por isso, naturalmente, que as pessoas possam acreditar em tudo aquilo que nós nos estamos a propor, perceberem que, efetivamente, esta lista é encabeçada por alguém que tem larga experiência autárquica.

A mensagem que lhes quero deixar é, de facto, que acreditem neste poder de transformação que este projeto político vai trazer para Sines.

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