19 Abril 2024, Sexta-feira
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Roteiro para a capacitação digital arrancou no Litoral Alentejano

INCoDe.2030 está na estrada com 25 paragens um pouco por todo o País. Sines foi escolha para primeira iniciativa

 

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O Roteiro INCoDe.2030, que vai percorrer 25 localidades de todo o Pais, arrancou no Centro de Ates de Sines numa sessão dedicada à cibersegurança, que apresentou projectos nacionais emblemáticos e o contributo de iniciativas locais para a promoção da capacitação digital em Portugal

O presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, começou por sublinhar que não poderia haver melhor local para o arranque do roteiro. De acordo com o autarca, com a amarração de vários cabos submarinos intercontinentais, a criação do Sines Tech – Innovation & Data Center Hub, que resulta de uma parceria entre o município, a aicep Global Parques e a Ellalink, e a construção do centro de dados da Start Campus, a região está a criar um novo hub digital a partir de Sines.

A autarquia assinou, em Julho de 2021, um protocolo com o Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) para a construção da Escola Superior de Sines, cujo financiamento tem já, segundo Nuno Mascarenhas, “perspectivas animadoras”.

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O secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, concordou com a escolha de Sines, por ser um local que liga a Europa a outros continentes.

“Sines é hoje uma capital em termos de conectividades, que é a primeira das condições para estarmos ligados em rede uns aos outros e podermos beneficiar das vantagens do digital”, disse o governante.

Mário Campolargo vincou que o aproveitamento pleno dos benefícios da era digital depende da nossa capacidade para utilizar os equipamentos para além da perspectiva passiva, de utilizador, como agentes activos, no contexto profissional e das relações sociais.

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O responsável pela pasta da Digitalização e da Modernização Administrativa defendeu a importância do INCoDe.2030, que desde o seu lançamento, em 2017, tem promovido a inclusão e a literacia digitais.

Um desafio para Portugal

Mário Campolargo explicou que. de acordo com o Índice de Digitalidade da Economia e da Sociedade (IDES), Portugal tem evoluído em consonância com a média europeia, mas com prestações díspares. Por exemplo, em infra-estrutura, conectividade, estamos acima da média, mas, em termos de quantidade de pessoas com competências básicas, temos um deficit.

“Temos um país com boa infra-estrutura, com boas competências avançadas, mas em que a população em geral não tem as competências digitais básicas que ambicionamos”, sintetizou.

Mário Campolargo considerou “particularmente adequado” começar o roteiro pelo tema da cibersegurança porque, “se a conectividade é um dos pilares da digitalização, a cibersegurança é a estrutura que a suporta e permite o seu desenvolvimento pleno e equilibrado”.

A pandemia intensificou o uso dos meios digitais, mas, à medida que a vida se instalou no ciberespaço, o perímetro de ameaças aumentou consideravelmente. A ENISA – Agência Europeia para a Segurança das Redes e da Informação – estima que o teletrabalho proporcionou aos agentes do cibercrime uma nova via de exploração, recorrendo muitas vezes à incapacidade e iliteracia digital para a cibersegurança.

O Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) registou, em 2020 e 2021, um aumento significativo dos incidentes e verificou a prevalência de ataques como o phishing, malware ou o comprometimento das nossas contas digitais.

A cibersegurança começa nas redes, mas tem de estender-se a quem gere os sistemas e a quem os utiliza, por isso, no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) está também prevista uma academia de cibersegurança, que permitirá reforçar as capacidades de quase 10 mil especialistas em Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

“As tecnologias podem ficar obsoletas, mas a nossa preparação para lidar com elas não pode e não vai ficar”, assegurou o secretário de Estado.

No encerramento do primeiro encontro do roteiro, Luísa Ribeiro Lopes, Coordenadora Geral do INCoDe.2030, dedicou-se ao tema Capacitação Digital, um Desígnio Nacional, sublinhando que a missão do INCoDe.2030 é “preparar todas as portuguesas e todo os portugueses na capacitação digital, desde a mais básica”. A igualdade de género é “uma das soluções” para o problema da falta de talento. “Não podemos desperdiçar metade da nossa sociedade”, disse Luísa Ribeiro Lopes. A responsável reafirmou a ambição do projecto. “Temos metas até 2030, que vamos atingir, todos juntos”, assegurou.

O Roteiro INCoDe.2030 está na estrada, para percorrer 25 locais de todo o país, focado numa multiplicidade de temas, que vão desde a economia digital, à igualdade de género ou à inovação e a próxima paragem vai ser nos Açores, no dia 21 de Julho.

Digitalização, cibersegurança e capacitação

No painel sobre Digitalização, Cibersegurança & Capacitação, moderado por Filipe Lacerda, da Trust Data Privacy, start up de gestão de privacidade, António Gameiro Marques, do Gabinete Nacional de Segurança (GNS), avisou que “se não houver segurança não há desenvolvimento económico e há retrocesso digital”.

Isabel Batista, do CNCS informou que o Centro Internet Segura tem um papel fundamental para formar pais e crianças, “com coisas tão simples como configurar uma Playstation”.

Inês Esteve, do .PT, apresentou o Centro de Operações de Segurança (COS), que trabalha na cibersegurança especificamente ao serviço de todo o ecossistema português da Internet (em .PT).

Sérgio Nunes, do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), referiu que universidades actuam no terceiro vector de capacitação para a cibersegurança, que é a educação.

Já Pedro Machado, do Grupo Ageas Portugal, trouxe a visão do lado das empresas. “O que vivemos hoje é uma oportunidade, de nos reinventarmos, de nos tornarmos mais resilientes”, referiu.

Iniciativas locais mostram projectos

No painel Iniciativas Locais, o moderador, Pedro Dominguinhos apresentou a nova Escola de Ensino Superior que o IPS e o Municipio de Sines estão a criar naquela cidade do litoral alentejano.

“Queremos uma escola sem muros, que, para além da parte pedagógica, tenha laboratórios, capacidade de criar novas empresas e fazer investigação, porque o Alentejo litoral não tem as pessoas necessárias para todos os projectos em curso”, defendeu Dominguinhos

Teresa Ribeiro, do Sines Tech – Innovation & Data Center Hub, sublinhou que Sines tem já oito cabos amarrados ou em projecto, porque o local e o país são “óptimos” para o efeito.

Afonso Salema, Ceo da Start Campus, apresentou o Sines 4.0 e expressou o desejo de que a futura escola superior possa ser a “fábrica de talento” de que Sines precisa.

Ana Rita Martins, da Administração do Porto de Sines (APS) defendeu a importância da “partilha de informação” entre os agentes, no caso entre os diversos portos, como forma de reforçar a segurança.

Educação e formação, qualificação e requalificação, inclusão e investigação são eixos estratégicos

Nas Iniciativas INCoDe.2030, com moderação de Bernardo Sousa, estiveram em debate, primeiro, a Educação e a Formação, um dos cinco eixos do INCoDe – os outros quatro são Qualificação e Requalificação, Inclusão, Formação Avançada e Investigação -, essenciais para o desenvolvimento de competências digitais.

Luís Neves, presidente do ENSICO, associação sem fins lucrativos que trabalha para a integração da computação no ensino obrigatório, explicou que essa área é a parte submersa do iceberg cuja parte visível é a literacia digital.

João Baracho, do Apps for Good, informou que o programa tem tido cerca de 200 escolas por ano, em todo o país, 11 das quais no Alentejo.

Sobre Qualificação e Requalificação, que assenta basicamente na formação dos trabalhadores de acordo com a necessidade das empresas, Manuel Garcia, gestor do UpSkill, um programa que visa dar uma segunda oportunidade a pessoas que já têm uma carreira, apresentou o sistema como um “desafio para organizações e para pessoas”.

João Gomes, do Nau, uma plataforma de ensino e de formação para fazer chegar o conhecimento a grandes audiências, revelou que o projecto tem quase 200 mil alunos inscritos, 400 mil inscrições em cursos e uma taxa de conclusão, com certificado digital, de 46% que compara com os cerca de 10% das plataformas homólogas europeias.

Na área da Inclusão, Margarida Mateus, das Engenheiras por 1 dia, partilhou a informação de que o projecto já passou por mais de 50 escolas, envolvendo mais de 10 mil jovens.

Elisabete Macieira, do Eu Sou Digital, um projecto que tem o desafio de reduzir a população info-excluída em Portugal – que era 22% em 2019 e agora está em 16% – explicou que se trata de um programa de inclusão que promove a capacitação digital de adultos que não sabem utilizar a Internet.

Sobre Formação Avançada e Investigação, o painel moderado por José Pedro Antunes apresentou as estratégias nacionais (Estratégia Nacional de Computação Avançada, Estratégia Nacional de Cibersegurança, Estratégia Nacional de Inteligência Artificial, Estratégia Nacional de Dados e Estratégia Nacional de Blockchain), assentes em Academias Tecnológicas que têm como base a criação de um ecossistema que liga as empresas à academia e à administração pública.

Pedro Sá Moreira, director de Planeamento e Desenvolvimento Organizacional abordou a Transformação Digital da Saúde, através dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), cuja face mais visível, para o cidadão, é a App SNS24, que já tem mais de 7 milhões de downloads e que conta 33 milhões de utilizações no portal.

Lino Santos, do CNCS, reforçou a noção da importância do desenvolvimento das competências na área da cibersegurança sublinhando que o fosso entre o nível de desenvolvimento tecnológico e a capacidade da sociedade para usar essas tecnologias com segurança “tem vindo a crescer, por via da digitalização, e irá crescer mais no futuro próximo”.

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