Guida da Ponte, dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), refere que “a falta de médicos em toda a região de Lisboa e Vale do Tejo será mais grave do que nunca na área de intervenção da ARSLVT [Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo], entre Setúbal e Tomar”
Setúbal entrou em Situação de Alerta e activou o Plano Municipal de Emergência de Proteção Civil, devido à evolução da pandemia de Covid-19. No Barreiro, a Protecção Civil já instalou uma tenda de campanha no Hospital Nossa Senhora do Rosário para triagem de doentes. A ministra da Saúde já afirmou que o país estará a pouco tempo de “entrar em fase de mitigação”. A terceira mais grave e durante a qual o risco de infecção por Covid-19 será generalizado.
Neste quadro, Guida da Ponte, dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), em declarações a O SETUBALENSE refere que, “a falta de médicos em toda a região de Lisboa e Vale do Tejo será mais grave do que nunca na área de intervenção da ARSLVT [Administração Regional de Saúde e Vale do Tejo], entre Setúbal e Tomar”.
Guida da Ponte recorda que o distrito de Setúbal está a funcionar em insuficiência na medicina interna “há muitos anos”, sendo que estes são os especialistas mais afectos aos serviços de urgência geral nos nossos hospitais. E no caso dos infeciologistas a situação vai ser idêntica quando a epidemia entrar numa fase de “contágio alargado a todo o país”. Segundo a médica, o ideal “base” será ter no mínimo dois especialistas de Medicina Interna em cada banco de urgência, “a rodarem a cada 24 horas”.
Uma logística que “pode não ser possível em toda esta região, sendo aquela que concentra mais população em todo o país. E se a isto acrescentarmos a possibilidade de os profissionais dobrarem turnos, estaremos mesmo a falar de um possível ruptura dos serviços de saúde, se na actual situação isso acontecer”.
Sobre as condições de trabalho dos profissionais de Saúde, nomeadamente os médicos, Guida da Ponte considera que os turnos alargados e a falta de profissionais é claramente negativa, “mesmo com a convocação nacional realizada pela Ordem dos Médicos, feita aliás em boa hora”.
Quanto à segurança e condições de trabalho dos profissionais de saúde, “segundo a informação que tem chegado ao sindicato, nos hospitais do Barreiro, Almada e Setúbal estão a ser garantidas”.
Ponto de situação
O Covid-19 já provocou mais de 4 900 mortos em todo o mundo, levando a Organização Mundial de Saúde a declarar a doença como pandemia.
O número de infetados ultrapassou as 131 mil pessoas, com casos registados em mais de 120 países e territórios, incluindo Portugal, que no momento tem 112 casos confirmados.