Restaurante Novo 10 fechado devido a uma dívida de 700 mil euros, funcionários sem ordenados e situação em tribunal sem fim à vista
O restaurante Novo 10 já está encerrado há mais de um mês, após um negócio falhado entre o proprietário Manuel Teixeira e Ricardo Moutinho. Em entrevista a O SETUBALENSE, Manuel Teixeira explicou como o empresário portuense lhe deve 700 mil euros e assegura que irá tentar “por todos os meios” que lhe “paguem aquilo que devem”.
Manuel Teixeira elucida que a situação em tribunal está a decorrer naturalmente, sendo que recente[1]mente foi colocado um processo para recorrer, estando a aguardar pelo resultado, do qual não sabe “no que poderá resultar”. O proprietário garante que por sua vontade o restaurante nunca tinha fechado, considerando que é uma situação infeliz para a cidade de Setúbal, e assegura que “os setubalenses merecem que o restaurante esteja aberto”.
Quanto ao futuro, Manuel Teixeira acredita que Ricardo Moutinho não consiga abrir o restaurante, confirmando que, de acordo com o que sabe, o estabelecimento não tem água e não tem luz, estando tudo cortado. O proprietário não acredita que a empresa Etapas Avulso, de Ricardo Moutinho, faça os pagamentos devidos ou a escritura. Relativamente aos funcionários, o proprietário esclarece que estão à responsabilidade da empresa Etapas Avulso. Manuel Teixeira, que afirma não manter nenhum contacto com os funcionários, deduz que muitos estão sem emprego e confirma que existem funcionários que há “três, quatro meses” que não recebem ordenados.
Sobre a situação que se encontra a ser resolvida em tribunal, Manuel Teixeira afirma apenas que “se a juíza entender”, acredita que tenha o “bom senso” de lhe devolver o espaço. Embora tenha preferido não se adiantar muito sobre este tema, o proprietário garante que pouco o surpreende, uma vez que já viu “tanta coisa”. O proprietário assevera que não abdica daquilo que lhe devem, lutando “seja de que forma for”. “Vou tentar por todos os meios que me paguem aquilo que devem”, remata.
Ricardo Moutinho viu-se recentemente envolvido numa polémica com o autarca da Câmara Municipal de Caminha, após ter recebido 300 mil euros para a construção de um pavilhão que não existe. Tendo em conta esta situação, Manuel Teixeira acredita que este caso polémico o poderá beneficiar nesta situação, embora “uma coisa não tenha nada a ver com a outra”. Manuel Teixeira terminou a entrevista com palavras fortes direccionadas ao empresário portuense, afirmando que “uma pessoa dessas não merece a água que bebe”.
Um caso sem fim à vista
Este caso remete para 2019, quando um negócio deixou a vida de Manuel Teixeira arruinada. O dono do restaurante, na altura, em busca de algum descanso, viu na proposta de Ricardo Moutinho uma excelente oportunidade de negócio, tendo em vista a pré-reforma. Quando conheceu o empresário portuense não tinha do que suspeitar, com Ricardo Moutinho a aproveitar o momento para pedir para se reunir com a gerência, no intuito de apresentar uma proposta de investimento.
Manuel Teixeira e os restantes sócios do Novo 10 assinaram o Contrato-Promessa Compra e Venda com a empresa Etapas Avulso de Ricardo Moutinho em Julho de 2019. Nesse contrato ficou acordado que, durante cinco anos, mensalmente seria paga uma verba de 25 mil euros, até aos cinco anos para se fazer a escritura. As primeiras falhas chegaram logo no primeiro Inverno, quando as rendas começaram a chegar cada vez mais tarde, até que deixaram de ser pagas.
O dono do restaurante, Manuel Teixeira, explica que à falta de pagamento pontual devem ser devolvidas as chaves do estabelecimento. A devolução das chaves nunca aconteceu e em Dezembro do ano passado, após ter trocado as fechaduras do estabelecimento, o proprietário, no interior do restaurante, foi surpreendido pelo empresário Ricardo Moutinho, que quis entrar à força, partindo os vidros das montras, mas foi impedido por Manuel Teixeira e os seus sócios.
O proprietário não pode colocar o restaurante a funcionar, uma vez que a juíza encarregue do caso deu permissão ao empresário portuense para entrar no restaurante novamente, através de uma providência cautelar.