Relatório Anual de Segurança Interna. Criminalidade geral participada apenas diminuiu em três concelhos do distrito sadino, que é o terceiro do País com mais ocorrências
A criminalidade geral aumentou 14,1% em Portugal e 9% no Distrito de Setúbal, o terceiro do País com mais ocorrências (31 mil e 270) participadas às autoridades, o que corresponde a 9,09% do total de crimes registados a nível nacional (343 mil e 845). Os crimes de violência doméstica contra cônjuge ou análogos, furtos em veículo motorizado e burlas informáticas e nas comunicações são, respectivamente, os mais denunciados às forças policiais no distrito.
Os dados estão publicados no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2022 e comparam os números do ano passado com os de 2021.
Só os distritos de Lisboa, com 82 mil e 868 crimes registados (+14,8%), e Porto, com 51 mil e 398 (+8,1%), apresentam registos superiores aos de Setúbal.
A criminalidade geral aumentou em todos os 18 distritos de Portugal e na região autónoma da Madeira – Açores foi o único território em que desceu –, mas Setúbal foi, porém, um dos seis únicos distritos em que esse crescimento foi inferior a 10% (o aumento em todos os outros 12 distritos e na Madeira foi superior). Curioso é o facto de o aumento em Setúbal ter sido maior (+0,9%) do que no Porto. E Lisboa cresceu 0,7% acima da média nacional.
Se os números forem comparados com 2019, último ano antes da pandemia – em 2020 e 2021 –, a criminalidade geral participada apenas cresceu no País 2,5%.
Para encontrar maior registo da criminalidade geral no Distrito de Setúbal é preciso recuar até 2015 quando foram contabilizadas 31 mil e 632 participações (mais 362 do que em 2022). Entre 2016 e 2021 o número de participações foi sempre inferior a 31 mil, mesmo nos dois anos em que a criminalidade subiu (2017 e 2019).
Os crimes mais participados no Distrito de Setúbal são, respectivamente, os de violência doméstica contra cônjuge ou análogos, com 2 426 ocorrências (+17,3% do que em 2021), furto em veículo motorizado, com 2 191 participações (decresceu 15,3%), e burlas informáticas e nas comunicações, com 1 969 registos (+18,5%).
Nota também para os ilícitos apurados em ambiente escolar, no ano lectivo 2021-2022, em que o Distrito de Setúbal é o terceiro com mais ocorrências (648), só batido por os de Lisboa (1 804) e Porto (1 037). No País, no âmbito do programa Escola Segura, a GNR e a PSP registaram 6 607 casos (+35%).
Crimes por concelho
Dos 13 concelhos que compõem o Distrito de Setúbal, apenas três registaram uma diminuição da criminalidade geral participada: Seixal, Moita e Alcácer do Sal (o território alentejano é o que apresenta menos ocorrências na região).
A tabela é liderada por Almada (6 828 participações de crimes), seguindo-se Setúbal (4 430) e Seixal (3 900). Depois surgem Barreiro (3 361), Montijo (2 365), Palmela (2 340), Moita (2 082) e Sesimbra (1 956). Logo atrás, abaixo das mil ocorrências registadas, vêm Santiago do Cacém (962), Sines (729), Grândola (725), Alcochete (610) e Alcácer do Sal (485). A estes números há ainda a somar 497 crimes ocorridos no distrito, mas em concelho desconhecido.
A segurança em Almada “é uma preocupação constante do município”, diz a vereadora Francisca Parreira, responsável pelo pelouro da Protecção Civil e Segurança. Ao mesmo tempo, a vereadora deixa a garantia de que a autarquia continuará, “junto das forças de segurança, a potenciar a sensibilização, prevenção e intervenção por forma a diminuir os números elevados de criminalidade”. A autarca lembra que o município tem vindo a realizar, com as autoridades, “reuniões multidisciplinares para aferir acções potenciadoras de uma melhoria significativa de segurança e prevenção no território”. Exemplo disso, adianta, “foi o aumento de resposta operacional de meios e forças da GNR”. E em curso, sublinha, está “a criação da Polícia Municipal”.
Em Setúbal, André Martins, presidente da Câmara, faz notar que se compararmos os resultados de 2022 com os de 2019 “não há evolução significativa” da criminalidade. “Por outro lado é preciso termos a noção de que Setúbal é um dos municípios do distrito com mais população e que, naturalmente, o número de participações acompanha essa situação. Em termos comparativos, não é dramática a situação de Setúbal, no que diz respeito as estas questões da segurança”, considera.
Seixal, apesar de ocupar o 3.º lugar, foi um dos três concelhos no distrito em que a criminalidade participada diminuiu. Paulo Silva, presidente da Câmara, também considera mais pertinente uma comparação entre os dados de 2022 e 2019, face à diferente conjuntura vivida nos anos de pandemia. E sublinha a evolução positiva no município seixalense.
“O RASI não faz análises concelhias detalhadas, limitando-se ao número de participações registadas. Neste indicador, o Seixal registou uma ligeira diminuição, facto particularmente relevante face à sua elevada densidade populacional e mantendo-se muito baixa comparativamente com outros concelhos de grande dimensão. Aliás, segundo dados do INE (taxa de criminalidade) relativos a 2022, o Seixal foi um dos três concelhos com menor taxa de criminalidade da Área Metropolitana de Lisboa”, afirma. E recorda que a autarquia tem vindo a reivindicar, na última década, mais investimento da parte da tutela para as forças de segurança, ao nível das infra-estruturas, dos recursos humanos e de meios (viaturas).
Na Moita o decréscimo é visto como “um bom indicador” por Carlos Albino, presidente da Câmara, que também espera por investimento da administração central em infra-estruturas para as forças de segurança no concelho.
O SETUBALENSE também tentou registar a reacção do município de Alcácer do Sal, mas até ao momento não obteve resposta. Com Maria Carolina Coelho
Setúbal Criminalidade violenta só ultrapassa 2021 na última década
No que toca à criminalidade violenta, as forças de segurança registaram 1 330 participações no Distrito de Setúbal, terceiro com mais registos no País atrás dos distritos de Lisboa e Porto. As ocorrências participadas no distrito sadino em 2022 só aumentaram (+7,8%) em comparação com 2021 (ano de pandemia e no qual foi reportado o menor número de casos, 1 234, nos últimos 10 anos). As participações de 2022 são inferiores às de todos os outros anos até 2013. Na última década, a criminalidade violenta tem vindo a baixar, anual e consecutivamente, com duas excepções: voltou a crescer em 2019 (1 551 casos reportados) e 2020 (ano de pandemia, com 1 593 ocorrências).